Número de mortos em tragédia no RS chega a 95 uma semana após confirmação da primeira vítima; veja gráfico

Na noite de 29 de abril, um motorista de 69 anos morreu após o carro ter sido arrastado pela força da água durante enchente na cidade de Paverama, no Vale do Taquari, no interior do Rio Grande do Sul. A primeira morte pela tragédia que há mais de uma semana deixa gaúchos sem água potável e mantimentos básicos, confirmada apenas no dia seguinte, mostra o grau da calamidade sem previsão de trégua enfrentada pela população. Em uma semana, o número de mortes confirmadas saltou para 95, segundo o último balanço da Defesa Civil nesta terça, e ainda há 131 desaparecidos, 372 pessoas feridas e 401 municípios afetados. O GLOBO mostra como a situação evoluiu ao longo dos sete dias em que as famílias foram perdendo seus parentes.

As fortes chuvas chegaram ao Rio Grande do Sul na noite do dia 29, causando enchentes e alagamentos. No dia seguinte, foram confirmadas as mortes de cinco pessoas e o desaparecimento de outras 18. Neste primeiro momento, 77 municípios foram impactados pela água.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou sobre a tragédia e disse que o governo federal presta todo apoio ao estado gaúcho.

“Conversei por telefone com o governador gaúcho, Eduardo Leite, e coloquei o governo federal à disposição do Rio Grande do Sul que novamente sofre com as fortes chuvas. Falei com os ministérios da Integração, da Defesa e com o ministro Paulo Pimenta e, no que for necessário, governo federal irá se somar aos esforços do governo estadual e prefeituras para atravessarmos e superarmos mais esse momento difícil, reflexos das mudanças climáticas que afetam o planeta”, escreveu Lula em seu X, antigo Twitter.

No dia 1º de maio o cenário no estado piorou, e foram contabilizados mais cinco mortes, chegando ao número de 10. Além disso, 21 pessoas estavam desaparecidas e mais de 100 municípios afetados pelo fenômeno natural. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública pelos “eventos climáticos de chuvas intensas” em decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Estado.

Segundo a Defesa Civil do RS, metade das vítimas registradas naquele período era formada por pessoas idosas. Dentre as causas das mortes estavam descarga elétrica, afogamento e deslizamento de terra.

Em 2 de maio, havia a expectativa por parte de especialistas do governo de que o nível de elevação do Guaíba chegasse a 5 metros, o que seria um recorde e teria reflexos diretos na capital Porto Alegre. Ainda no mesmo dia, as comportas foram fechadas, o lago ultrapassou a cota de inundação e as águas invadiram o Cais Mauá.

O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) também alertou que a tragédia era o “maior desastre climático do estado”. Além disso, o número de mortos aumentou para 29 e de desaparecidos para 60, com 154 municípios atingidos.

No final da tarde de 3 de maio, o número de mortos já chegava a 39 e 68 desaparecidos. O nível do Guaíba trazia ainda mais preocupação a população e especialistas, já que a elevação “sem precedentes” da água provocou uma série de transtornos na capital, onde foi dada ordem de evacuação no Centro Histórico da cidade, e diques de proteção começaram a apresentar rupturas.

No sábado, o número de mortos ultrapassaram o da tragédia ambiental que aconteceu em setembro de 2023 no Rio Grande do Sul, quando 54 pessoas morreram. Naquele momento, a estatística chegava a 55, com 74 desaparecidos.

No dia, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), pediu que a população fizesse racionamento de água, já que quatro das seis estações de tratamento não estavam funcionando.

O domingo marcou o maior salto no número de mortos ao longo de toda a catástrofe, quando mais 23 pessoas foram encontradas mortas. Ao todo, já eram 78 mortos e 108 desaparecidos pelo estado. A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou naquele dia 5 o uso de um drone para auxiliar no resgate de quem ainda estava isolado.

Na segunda-feira, dia 6 de abril, 385 municípios gaúchos já eram afetados pela tragédia. O boletim divulgado pela Defesa Civil naquela noite apontava para 85 mortos e 134 pessoas tidas como desaparecidas em todo o estado.

O nível do Guaíba também chegou a 5,33 metros, mais de dois metros acima do limite máximo sem correr riscos, que é de três metros. Tal fato acontece devido uma série de afluentes do interior do estado que desembocam no lago, o que em estado normal não sofre com problemas de cheias. Com o aumento das chuvas na região, cresce a quantidade de água alimentando o rio, que, por outro lado enfrenta dificuldade de escoamento na Lagoa dos Patos, caminho para a água do Guaíba.

Nesta terça-feira, a prefeitura de Porto Alegre anunciou o religamento de pelo menos duas estações de água impactadas pelas chuvas na capital. O serviço foi retomado nas unidades São João e Menino de Deus.

O estado continua em colapso e vive um cenário de terra arrasada que deixou praticamente toda a cidade sem abastecimento de água, luz e mantimentos. A capital gaúcha segue com serviços inoperantes, bloqueios nas saídas para municípios vizinhos e alagamento de zonas históricas, como o Mercado Municipal.

*Estagiário sob supervisão de Alfredo Mergulhão

Fonte: O Globo

© 2024 Blog do Marcos Dantas. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.