Novos aliados querem espaço no Governo Fátima

30/08/2022 - POLÍTICA - ENTREVISTA COM A GOVERNADORA FÁTIMA BEZERRA - FOTO: ALEX RÉGIS/ TRIBUNA DO NORTE

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), mantém silêncio sobre as indicações do secretariado para o  segundo  mandato (2023/2026). Porém, as escolhas de auxiliares para os cargos de primeiro e segundo escalões não se darão com tanta tranquilidade,  como ocorreu em 2018, quando se elegeu a primeira vez com o apoio de uma coligação de três partidos – PT, PCdoB e PHS e mais uma parte do PSDB, já no segundo turno das eleições daquele ano. Até o momento, os aliados mantêm a cautela a tratar sobre o assunto, mas confirmam que a participação será discutida.

A governadora do Estado vai ter que discutir composição do governo com pelo menos nove partidos políticos, sendo sete de sua coligação, a “O Melhor Vai Começar”,  formada pela Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) e ainda por MDB, PDT, PROS e Republicanos, além  de parte do PSDB e do PSB, que não lançaram candidatos a Governo. Os presidentes de executivas estaduais, o deputado estadual Ezequiel Ferreira e o deputado federal Rafael Motta, respectivamente, prestaram-lhe apoio na campanha do primeiro turno das eleições.

O presidente estadual do PT, ex-deputado estadual Júnior Souto, diz que a aliança político-partidária feita para as eleições deste ano “contou a todo o tempo com a liderança da governadora Fátima Bezerra na condução das tratativas”. Para Júnior Souto, “caberá a ela, então, iniciar essas conversas e estabelecer  o tempo politico para definições” sobre composição do secretariado para o segundo mandato. “Nós do PT e da Federação estamos a postos para  acompanhar e opinar   no sentido de contribuir para que a composição do Governo  seja expressão da unidade do bloco/ coligação, do equilíbrio político e das dimensões  técnicas necessárias  para de fato assegurar que o melhor vai começar”.

O deputado federal Rafael Motta terminou a eleição para o senado em terceiro lugar, com 22,76% dos votos válidos, concorrendo na mesma faixa do agrupamento político que apoiou a reeleição da governadora, que pediu votos para o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT). Segundo ele, seu partido segue alinhado com Fátima Bezerra. “Estamos em um momento de articulações, natural neste momento de transição do governo estadual”, disse ele. “Assim como tem ocorrido nos últimos quatro anos, seguimos caminhando em consonância com o Governo do Estado e a governadora Fátima. Seguindo, inclusive, a conjuntura nacional com o presidente eleito Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, do PSB”, continuou Motta, que não falou sobre a ocupação de cargos.

Já o MDB saiu das eleições fortalecido para negociar cargos no alto escalão do governo estadual. Além de ter o vice-governador eleito, o deputado federal Walter Alves, o partido é o de maior capilaridade política do Estado, com 38 prefeitos e 30 vice-prefeitos e mais de 400 vereadores. O vice eleito é potencial candidato a governador em 2026, na hipótese  de Fátima Bezerra renunciar ao mandato para disputar uma das duas vagas para o Senado Federal.

O vice-governador eleito Walter Alves diz que, até agora, “não houve nenhuma conversa” com ao governadora Fátima Bezerra a respeito da participação do MDB na administração pública do Estado, até porque ela chegou há pouco de uma viagem que fez ao Egito, onde participou de uma conferência internacional sobre o clima (COP)-27). “Nós vamos sentar com ela no momento propício, sem nenhum açodamento”, afirmou Alves, negando que o seu partido já tenha reivindicado pastas como a de Turismo ou de Recursos Hídricos. “Não tem nenhum fundamento essas informações”.

O vice-governador Antenor Roberto Soares (PCdoB) não disputou a reeleição, sacrificado na composição política para trazer o MDB, mas já deixou claro, inclusive para a governadora, que quem vai conduzir toda essa discussão no PcdoB não será ele, mas o presidente estadual da legenda, Divanilton Pereira.

Segundo Divanilton Pereira, o  o PCdoB participa do “êxito do governo democrático e popular liderado pela governadora Fátima Bezerra, que é uma necessidade histórica que se impõe”. “O nosso Partido é partícipe dessa jornada com o PT há décadas”, disse, complementando. “Foi assim no primeiro mandato e esperamos que essa parceria seja ainda mais qualificada nesse segundo mandato”, reforçou Pereira, para quem o partido “tem  uma visão sistêmica e desenvolvimentista para o Rio Grande do Norte”.

Pereira disse, ainda, que “essas diretrizes estão presentes no novo programa do segundo mandato da governadora Fátima Bezerra, que teve a nossa colaboração. Agora, com a experiência política e administrativa acumulada, com destaque à contribuição do vice-governador, Antenor Roberto, dentre outros, buscaremos oferecer as nossas energias e expertises em programas e projetos contidos nas propostas da governadora reeleita”.

Acomodações

No cenário político atual, o Partido dos Trabalhadores (PT) continua dando as cartas na repartição dos cargos de primeiro escalão do governo, contando com as escolhas pessoais da governadora Fátima Bezerra.

A legenda petista conta com o  chefe do Gabinete Civil, Raimundo Alves Júnior e sua adjunta, Maria do Socorro Batista, responsáveis pela intermediação política do governo.

O PT também lidera a área econômica com o secretário estadual do Planejamento e das Finanças, o economista José Aldemir Freire e pastas importantes como a da Administração, com  Virginia Ferreira Lopes, Educação,  com Getúlio Marques, e Saúde, Cipriano Maia de Vasconcelos.

Da cota pessoal da governadora também são o secretário de Infraestrurura,  Gustavo Fernandes Rosado Coelho, que acumula a pasta de Gestão de Projetos e Relações Institucionais, antes ocupada pelo  deputado federal eleito Fernando Mineiro, e ainda a pasta do Turismo, com  Ana Maria da Costa, e na Agricultura Familiar, Alexandre de Oliveira Lima

O partido Republicanos tem participação com Jaime Calado na pasta do Desenvolvimento Econômico, depois de ter disputado as eleições de deputado.

O PCdoB tem conta no governo com o adjunto da Administração, George Câmara, e o subsecretário de Esportes e Lazer da pasta da Educação, Francisco Canindé de França. A Secretaria das Mulheres chegou a ser ocupada pela vereadora Júlia Arruda (PCdoB), que deixou o cargo para disputar vaga de deputada estadual. Não há, contudo, a confirmação se a pasta continuará sob o comando da legenda.

O presidente do PSDB e da Assembleia Legislativa conta com seu quinhão no Governo. Indicou o secretário estadual de Defesa Social e Segurança Pública, o coronel da reserva da PM, Francisco Canindé de Araújo Silva, e Guilherme Saldanha na Agricultura, Pecuária e Pesca.

Já durante a campanha eleitoral, o PDT passou a ter participação no governo Fátima Bezerra, indicando Jonny Araújo da Costa para a presidência da Datanorte. A legenda, contudo, deverá ter ainda mais espaço, mesmo após a derrota de Carlos Eduardo para o Senado.

Até o momento, interlocutores do Governo do Estado têm dito que as negociações para composição do novo Governo e até para a formação da bancada governista na Assembleia Legislativa só devem começar na segunda quinzena de dezembro.

Da Tribuna do Norte

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