Novena de São Pedro na Basílica Vaticana foi ilustrada pela música sacra de Felinto Lúcio Dantas

Seridoense, Monsenhor Flávio Medeiros foi o celebrante da novena

Por ocasião da Novena de São Pedro, realizada no Altar da Cátedra da Basílica Vaticana, o Coro do Vicariato da Cidade do Vaticano, dirigido pelo Maestro Temistocle Capone, executou uma composição de Felinto Lúcio Dantas, musicista e compositor norte-riograndense, falecido em 1986, autor de um vasto e harmonioso patrimônio de música sacra na região do Seridó potiguar.

A peça sacra escolhida e cantada na celebração, de sua autoria, foi um Motteto para o célebre hino O Salutaris Hostia, atribuído a S. Tomás de Aquino. O acompanhamento no órgão do Altar da Cátedra na tarde de quarta-feira, 21 de junho, foi por conta do Maestro Gianluca Libertucci.

Quem foi o Maestro Felinto Lúcio Dantas

Felinto Lúcio foi um autêntico sertanejo,  nascido em Carnaúba dos Dantas (RN), aos 23 de março de 1898, herdeiro do nome e da fama da gente seridoense, tangedora de gado, cavadora de açudes e plantadora de vazantes. Caminhava solfejando mentalmente os seus esboços sacros, indo ou vindo pelas margens do Rio Carnaúba, na paisagem bucólica e altaneira das serras do Seridó potiguar.

Tais inspirações eram fruto de sua grande sensibilidade musical, para a qual se consagrou desde os seus dezessete anos. Felinto Lúcio foi um homem profundamente religioso, cristão autêntico e esclarecido. Homem detentor de uma notória simplicidade, mas rico de sentimentos espirituais que se apresentavam através de sua inclinação para o sagrado.

Levou a sua vida entre o trabalho na lavoura e a composição musical de suas obras, entre as quais uma vasta produção destinada à música filarmônica. Mas foram sobretudo nas melodias de suas composições religiosas que o músico, de aparência rústica e discreta, revelou a beleza da sua piedade e a legítima sensibilidade religiosa do povo seridoense.

A expressão sacra testemunhou a sua fé constante e suplicante, dolente e fervorosa, fiel ao texto e ao conteúdo. Assim é reconhecido em seus novenários, missas, ladainhas, motetos eucarísticos, compondo várias melodias para as orações do Pai Nosso e da Ave Maria, além do Tantum Ergo Sacramentum, bem como as melodias por ele compostas para os hinos de padroeiros de várias paróquias e comunidades.

A sua música floresce desde o seu profundo espírito religioso, passando através da sua genialidade, tomando inspiração e decifrando os sons e a beleza da  paisagem e do semiárido nordestino para traduzi-lo na escala musical, tendo como objetivo o louvor de Deus e a prece pública da Igreja. Foi por décadas Maestro da banda de música e do coral e orquestra sacra da cidade de Acari (RN).

Em 1978, o Centro Cultural Mobral gravou em um LP duplo, algumas de suas obras, contando com a participação do Maestro Radamés Gnattali. Em 1982 gravou depoimento para o programa “Memória viva”, da TV Universitária. Em 1983, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte gravou outras de suas composições em um LP editado naquele ano. Em 1997 teve a música sacra “A quinta novena”, executada em missa na Catedral do Rio de Janeiro, com a presença do Papa João Paulo II.

A obra religiosa do Mestre Felinto Lúcio Dantas se pode classificar como pertencente ao gênero Ceciliano da música sacra, movimento consolidado a partir da reforma do Papa São Pio X, que promoveu uma maior sobriedade e participação dos fiéis através do canto litúrgico na Igreja.

Do Vatican News

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