Nova rota comercial deve favorecer Opep, diz especialista

Sede do palácio presidencial na Índia, em Nova Deli
O acordo comercial, anunciado no G@0 em 9 de setembro, propõe aumentar o comércio entre a Índia, Oriente Médio e Europa. Na imagem, sede do palácio presidencial na Índia, em Nova Deli

A cúpula do G20, realizada em 9 de setembro, anunciou uma nova rota comercial que liga a Índia ao Oriente Médio e à Europa por meio de ferrovias e portos. O projeto tem como objetivo desenvolver a infraestrutura para permitir a produção e o transporte de hidrogênio verde –gerado por energia renovável ou de baixo carbono. Eis a íntegra do acordo (PDF – 92 kB, em inglês).

O corredor comercial ainda está em fase preliminar e é uma parceria entre o governo dos Estados Unidos, Índia, Arábia Saudita, Emirados Árabes e União Europeia. Até novembro, um grupo de trabalho apresentará planos para a construção da infraestrutura. Os responsáveis pelo pagamento do projeto ainda não foram definidos.

O professor de relações internacionais Danilo Vieira afirma que, apesar de a Europa ser a principal beneficiada, os países do Golfo também são favorecidos, principalmente os aqueles que exportam petróleo.

Vieira afirma que o acordo deve beneficiar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Para o professor, a nova rota comercial facilitará o fluxo de produto petrolífero e a eficiência no acesso.

A rota poderá fomentar o tráfego de alimentos entre as regiões envolvidas, já que a Europa é uma das maiores produtoras de alimentos, enquanto há um déficit na região do Oriente Médio.

Segundo o PhD em relações internacionais Jean Lima, se efetivado, o acordo poderá beneficiar as economias das regiões envolvidas ao reduzir custos de transações e de transporte por meio dos investimentos em infraestrutura, e assim facilitar a troca de bens, serviços, dados e energia. 

Para Lima, o corredor comercial propõe uma “alternativa à iniciativa da Nova Rota de Seda (One Belt, One Road) liderada pela China e apresentada em 2013”. Assim como o “Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa” (IMEC, na sigla em inglês), a Rota da Seda tem como objetivo integrar o Ocidente ao Oriente.

Vieira afirma que o acordo é uma “resposta dos ocidentais em relação à crescente presença e influência dos chineses, principalmente na região do Golfo e na região do Oriente Médio”

De acordo com os especialistas, o plano mostra que os EUA podem contar com os seus aliados do Oriente Médio nos esforços para conter a ascensão da China, mas também indicam como os Estados do Golfo tentam encontrar um equilíbrio entre aliados tradicionais como os EUA e parceiros emergentes como a China.

O professor Jean Lima afirma que há uma previsão para fomento e intercâmbio de hidrogênio verde, que se insere dentro de uma demanda da comunidade internacional (com destaque aos europeus) por fontes limpas e sustentáveis de energia, como alternativa às fontes derivadas do petróleo.

“Países como a Arábia Saudita, de alta dependência da produção e exportação de petróleo, veem o acordo também como uma oportunidade de investirem suas receitas desta commodity em diversificação econômica e em grandes projetos de infraestrutura”, diz Lima.

Esta reportagem foi produzida pela estagiária de Jornalismo Evellyn Paola sob supervisão do editor Lorenzo Santiago.

Fonte: Poder360

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