Aos 85 anos, Gro Harlem Brundtland será uma das atrações do GAFFFF (Global Agribusiness Festival), evento organizado pela Datagro para 27 de junho e 28 de junho de 2024, no Allianz Parque, em São Paulo.
Há 37 anos, Gro Brundtland, aos 48 anos, então primeira-ministra da Noruega, presidiu uma comissão criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar questões críticas sobre o meio ambiente e propor formas de cooperação internacional para solucioná-las.
A comissão Brundtland cunhou em 1987 o conceito de desenvolvimento sustentável, ao alertar para os graves problemas que ameaçam a sobrevivência do planeta e propor soluções para enfrentá-los.
Aquecimento global, extremos climáticos, desertificação, poluição, desmatamento e fome estavam na agenda da comissão.
No prefácio de “Nosso Futuro Comum” (PDF – 4 MB), como se chamou o relatório Bruntland, Gro advertia:
“Se não conseguirmos transmitir nossa mensagem de urgência aos pais e administradores de hoje, arriscamo-nos a comprometer o direito fundamental de nossas crianças a um meio ambiente saudável, que promova a vida. Se não conseguirmos traduzir nossas palavras numa linguagem capaz de tocar os corações e mentes de jovens e idosos, não seremos capazes de empreender as amplas mudanças sociais necessárias à correção do curso de desenvolvimento.”
Os bebês que nasceram em 1987 têm, hoje, 37 anos e não vivem em um meio ambiente saudável, mas em um planeta sob ameaça dos mesmos problemas ambientais daquela época. Hoje, provavelmente, numa escala até maior. Vide o desastre no Rio Grande do Sul.
Boa parte dos pais e administradores de 1987 são hoje idosos ou já morreram, sem conseguir promover as mudanças necessárias para corrigir o curso de desenvolvimento no caminho da sustentabilidade, como propôs o relatório Bruntland.
Leio ao acaso trechos de “Nosso Futuro Comum” (PDF – 6 MB), livro editado pela Fundação Getulio Vargas, que encontro empoeirado na estante:
“Nenhum país pode desenvolver-se isoladamente. Por isso, a busca do desenvolvimento sustentável requer um novo rumo para as relações internacionais. O crescimento sustentável a longo prazo exigirá mudanças abrangentes para criar fluxos de comércio, capital e tecnologia mais equitativos e mais adequados aos imperativos do meio ambiente.
[…]
“Resta pouco tempo para ações corretivas. Em alguns casos, já podemos estar prestes a transpor limites críticos. Os cientistas continuam buscando e discutindo causas e efeitos, mas em muitos casos já temos conhecimentos suficientes para justificar a ação.
“Isso vale em nível local e regional no caso de ameaças de desertificação, desflorestamento, rejeitos tóxicos e acidificação; em nível global, vale para ameaças como alteração de clima, destruição do ozônio e extinção de espécies. Os riscos aumentam mais rapidamente que nossa capacidade para lidar com eles”.
Fonte: Poder360