Ninho de tuiuiú e onça são monitorados por socorristas em áreas de incêndios no Pantanal; vídeo

Ninho de tuiuiú é monitorado por socorristas em áreas de incêndios no Pantanal
Ninho de tuiuiú é monitorado por socorristas em áreas de incêndios no Pantanal — Foto: Divulgação

Em meio à fumaça dos incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul, um ninho de tuiuiú em cima de uma árvore com os galhos secos, foi avistado por bombeiros que passavam de barco pelo Rio Paraguai. A área fica perto da cidade de Corumbá e os socorristas fazem o monitoramento da situação. O município ficou em evidência na última semana após um vídeo de uma festa junina ocorrendo em meio à floresta em chamas viralizar nas redes sociais.

O Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) também está na região em busca de animais feridos ou debilitados que precisem de atendimento. Em uma das varreduras recentes, a equipe filmou uma onça distante caminhando em uma área queimada. Pelas imagens de vídeo é possível ver que em poucos segundos o felino desaparece em meio à vegetação.

Desde quinta-feira, quando chegaram à Corumbá fazendo um “pente fino” pela Estrada Parque, as equipes de biólogos, veterinários e técnicos do grupo já passaram por várias áreas, incluindo Paraguai-Mirim. Encontraram alguns animais mortos e muitas espécies vivas também como veados, jacarés e aves, principalmente nos pontos onde existem recursos hídricos.

Com o uso de tecnologia, incluindo drone, o Gretap faz buscas de carro, barco, triciclos e a pé. No caminho pantaneiros apoiam as buscas. Onde há áreas alagadas, parte da vegetação bem próxima da água ainda resiste às chamas e serve como corredor para os animais buscarem abrigo.

Uma das varreduras se guiou pela informação de que a presença de urubus indicava a possibilidade de carcaças de animais. Foram registradas muitas pegadas sinalizando a fuga de animais.

— Se não fossem essas águas, vazantes, baías, curixos, nada iria conseguir sobreviver a esse fogo — conta a médica veterinária Franciele Oliveira.

Nem mesmo no primeiro semestre de 2020, o ano em que um terço do Pantanal foi devastado pelo fogo, houve tantos focos de calor no bioma quanto agora. Os primeiros seis meses de 2024 são um recorde de incêndios na série histórica, o que levou o governo do Mato Grosso do Sul a decretar situação de emergência no estado nesta segunda (24). A estatística no período também representa um recorde no Cerrado, e na Amazônia é o maior registro em 20 anos. Uma combinação entre a atuação do El Niño e as mudanças climáticas vêm resultando em secas severas pelo país, que geram tantos focos de calor, explicam especialistas.

Segundo os dados do Programa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já houve 3.262 focos de calor no Pantanal entre os dias 1º de janeiro e 24 de junho, o maior número desde 1988, quando começou a série histórica. Esse valor é quase 30% maior que o registrado em 2020. Naquele ano, um terço da área do bioma foi consumido pelo fogo, o que matou cerca de 17 milhões de animais. Mas, 60% dos incêndios do que foi conhecido como o ano do fogo aconteceu entre agosto e o fim de setembro, tradicionalmente período mais seco da região.

Por isso, os incêndios não deveriam estar tão recorrentes nesse primeiro semestre. No ano passado, por exemplo, foram apenas 150 focos registrados neste período, segundo o Inpe, número 2.074% menor que o de 2024. Especialistas explicam que as mudanças climáticas e o El Niño, que teve forte atuação ano passado, contribuíram para longa estiagem nos rios que abastecem o Pantanal. Com a seca, a vegetação torna-se mais seca e inflamável, criando condições propícias para ocorrência de propagação de incêndios florestais.

Fonte: O Globo

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