Netanyahu aprova plano do Exército de Israel para operação militar em Rafah

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião ministerial
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião ministerial — Foto: ABIR SULTAN / AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou nesta sexta-feira o plano de ação proposto pelo Exército para uma operação na cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza. O local, que é considerado por Israel como um dos últimos redutos do grupo terrorista Hamas, abriga grande parte da população civil palestina, deslocada pelo conflito de outras regiões do território.

O sinal verde para a operação militar foi confirmado pelo Gabinete do primeiro-ministro ao fim de uma reunião do Gabinete de Segurança. Segundo uma declaração inicial ao público, as Forças de Defesa de Israel estão preparadas para “retirar a população civil”. Não há detalhes sobre o plano de ação.

Apesar de mais cedo Netanyahu ter chamado novos termos propostos pelo Hamas para um cessar-fogo de “irreais”, a equipe do premier anunciou que o governo vai enviar uma delegação para Doha, no Catar, para negociar uma troca de prisioneiros palestinos por reféns capturados durante os ataques do Hamas ao sul israelense em 7 de outubro, quando deixou quase 1,2 mil mortos.

A cidade de Rafah ficou conhecida durante a guerra entre Israel e Hamas por abrigar a passagem de fronteira com o Egito, de mesmo nome, por onde muitos cidadãos estrangeiros ou com dupla nacionalidade foram removidos de Gaza nos primeiros meses de guerra. Também é por onde a maior parte da ajuda humanitária aos civis palestinos entra no território.

Além disso, a cidade se tornou o último refúgio para os cerca de 1,5 milhão de deslocados pelo conflito, que deixaram o norte e a faixa central do território na tentativa de escapar dos bombardeios e da linha de frente das operações. Quando Israel acenou com a intenção de mudar o foco da operação para a região, no começo do mês, houve forte condenação internacional, incluindo de aliados como os EUA, prevendo consequências trágicas de uma ação de larga escala.

Em meio à pressão internacional e com as tentativas de negociação de cessar-fogo mediadas por Catar, Egito e EUA, os planos foram retardados, mas não esquecidos. Os planejadores israelenses entendem que uma entrada em Rafah é inevitável, pois a cidade abrigaria quatro dos seis batalhões do Hamas que permanecem em operação plena — combatentes do Hamas atuam em outras regiões, mas segundo fontes consultadas pelo GLOBO em viagem a Israel, operariam em formato de células terroristas, e não mais obedecendo a cadeias de comando hierarquizadas.

Ainda de acordo com uma das fontes consultadas, os batalhões de Rafah teriam menos capacidades operacionais do que os dois que permanecem em Gaza, pois teriam como atividade principal controlar o contrabando na fronteira. Há também uma expectativa de que os reféns sequestrados em 7 de outubro possam estar em túneis sob a cidade, que também são cogitados como o paradeiro de Yahya Sinwar, líder do grupo terrorista.

O impacto de uma operação militar terrestre em Rafah é desconhecida, mas vista com preocupação da comunidade internacional. Com o resto da Faixa de Gaza devastada após cinco meses de guerra, um novo deslocamento de pessoas seguiria para destino incerto. Mesmo na cidade, ainda livre de uma invasão, os impactos da guerra são evidentes.

No começo de fevereiro, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados do Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês) já denunciava a severa falta de alimentos, água e remédios na região, além de reportar um surtos de doenças como sarna e a disseminação de piolhos em razão da aglomeração de pessoas e a falta de padrões básicos de higiene. O cálculo da agência era de um chuveiro disponível para cada 2 mil pessoas e um banheiro para cada 500.

Fonte: O Globo

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