Não sou obrigado a ter nervosismo europeu sobre Ucrânia, diz Lula

À esq., os Dragões da Independência, à dir., Macron e Lula; os presidentes também participaram, no Rio, da inauguração do submarino Tonelero, parte de um programa de desenvolvimento feito por brasileiros e franceses
À esq., os Dragões da Independência, à dir., Macron, Lula e Janja; os presidentes também participaram, no Rio, da inauguração do submarino Tonelero, parte de um programa de desenvolvimento feito por brasileiros e franceses

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 5ª feira (28.mar.2024) não ser obrigado a ter “o mesmo nervosismo” que povos europeus em relação à guerra na Ucrânia porque o Brasil está a milhares de quilômetros de distância do conflito. Ao seu lado, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que seu país é uma “potência de paz” e que seu povo não é “fraco”. Afirmou que se houver escalada do conflito na região será preciso “se organizar”.

As declarações foram dadas à imprensa logo depois da reunião bilateral entre os 2 líderes no Palácio do Planalto. Lula havia sido questionado por um jornalista da França sobre o possível envio de tropas francesas para lutar diretamente na Ucrânia contra a Rússia.

“Eu estou a tantos 1.000 quilômetros de distância da Ucrânia que eu não sou obrigado a ter o mesmo nervosismo que tem o povo francês, que está mais próximo, o povo alemão, o povo europeu”, disse o presidente brasileiro.

Macron relembrou que o Brasil foi um dos primeiros países a condenar o ataque russo ao território ucraniano e disse ser importante saber o que cada um pensa. O presidente francês, no entanto, disse que embora Brasil e França estejam “do mesmo lado”, as decisões tomadas por cada um podem ser diferentes.

“O fato de que quando um país é atacado no interior de suas fronteiras por uma potência 3ª, nós condenamos. A seguir, tomamos decisões que podem ser diferentes. A Europa determinou sanções e também o apoio à Ucrânia para ajudá-la na resistência. […] A França é uma potência de paz, quer o diálogo, quer voltar à mesa de negociações. Mas queremos dizer que não somos fracos e se houver uma escalada sem fim que é da agressão, nós temos que nos organizar para não ter que lamentar apenas”, disse.

Ao comentar sobre o assunto, Lula afirmou que os países integram organizações multilaterais que têm a “participação heterogênea de muita gente que você não concorda, mas que fazem parte”. Para o presidente, tal realidade é parte do processo democrático. “É você conviver democraticamente na adversidade”, disse.

Lula voltou a criticar os países integrantes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que estão envolvidos diretamente em guerras, como a Rússia. Disse que o Brasil não tomou lado no conflito para poder ainda criar condições de “voltar à mesa de negociações”.

“Aquela guerra só vai ter uma solução que vai ser a paz. Os 2 bicudos vão ter que se entender”, disse Lula em relação aos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Fonte: Poder360

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