‘Não há perseguição’ a estudantes brasileiros na Argentina, diz ao GLOBO secretária geral do Itamaraty

Secretária geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura Rocha, em encontro com o vice-chanceler argentino Leopoldo Sahores
Secretária geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura Rocha, em encontro com o vice-chanceler argentino Leopoldo Sahores — Foto: Chancelaria argentina

Na primeira visita de alto nível de um funcionário do governo Lula a Buenos Aires após a posse do presidente argentino, Javier Milei, em 10 de dezembro de 2023, a secretária geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura Rocha, se reuniu nesta quarta-feira com autoridades do Ministério das Relações Exteriores do país e tratou, entre outros assuntos, das queixas feitas por alguns estudantes brasileiros que foram, nos últimos dois meses, impedidos de entrar à Argentina. Segundo contou ao GLOBO a secretária geral do Itamaraty, o governo argentino se comprometeu a esclarecer a situação e reiterou que as regras migratórias não foram mudadas.

— Não há perseguição [a estudantes brasileiros]. Pode ser que o novo governo tenha passado a controlar um pouco mais, mas com as mesmas regras — disse Rocha.

Em janeiro passado, 38 estudantes brasileiros foram devolvidos ao Brasil após aterrizarem em Buenos Aires. Em fevereiro ocorreu apenas um caso. As regras argentinas são claras e, segundo a secretária geral do Itamaraty, representantes do governo Milei afirmaram que se os brasileiros que foram mandados de volta para o Brasil cumprirem as normas vigentes — e prévias à posse de Milei — podem retornar a Buenos Aires.

— O cidadão brasileiro pode entrar como turista, e para isso precisa ter as condições de um turista, ou seja, passagem de ida e volta. Podem entrar como estudantes, com o visto. E podem também, entrando como turistas, mais adiante conseguir um visto, aqui na Argentina. Há uma necessidade de esclarecimento para evitar eventos desagradáveis, como o dos brasileiros que foram devolvidos, mas que podem voltar a qualquer momento — acrescentou Rocha, que disse ter sido, ela mesma, alvo de várias perguntas por parte das autoridades locais ao desembarcar na capital argentina:

— Com passaporte diplomático, fui perguntada sobre quanto tempo ficaria aqui, onde ficaria hospedada. Perguntaram normalmente —.

A conversa com o vice-chanceler argentino Leopoldo Sahores, também incluiu temas como comércio, cooperação em matéria de segurança, defesa, infraestrutura conjunta e utilização de recursos naturais.

— A nossa impressão é de que será possível continuar trabalhando com a mesma agenda, o lado argentino quer — enfatizou a secretária geral do Itamaraty.

Os dois governos estão trabalhando para que a chanceler argentina, Diana Mondino, faça uma viagem a Brasília nos próximos meses. Perguntada sobre a presença de Milei na cúpula de chefes de Estado do G-20, em novembro, no Rio, a embaixadora afirmou que “todos os chefes de Estado são esperados”.

Fonte: O Globo

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