‘Não existe combate à pobreza sem saúde para a população’, diz ministra Nísia Trindade sobre o G20

Nísia Trindade enfrenta uma ofensiva sindical e de setores do PT do Rio de Janeiro por causa de uma portaria sobre os hospitais federais do estado
Nísia Trindade enfrenta uma ofensiva sindical e de setores do PT do Rio de Janeiro por causa de uma portaria sobre os hospitais federais do estado — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A resiliência dos sistemas de saúde em escala global, centrada em políticas públicas financiadas pelos Estados, é o cerne das discussões lideradas pelo Brasil durante sua presidência do G20. Os debates ao longo do ano estão sendo coordenados pelo Ministério da Saúde, com a ministra Nísia Trindade à frente da pasta, culminando na reunião de ministros em 31 de outubro, no Rio.

Confira a entrevista da ministra ao GLOBO:

Como o Brasil pode discutir propostas de prevenção em resposta à pandemia, mesmo diante da atuação criticada durante a Covid-19?

Estamos levando adiante propostas de prevenção em resposta à pandemia exatamente em função das lições aprendidas. O Sistema Único de Saúde, assim como outras instâncias similares em outros países, precisam ser fortalecidos para criar condições de enfrentamento a uma eventual nova pandemia ou uma emergência nacional de maneira mais firme em vários setores. Para alcançar esse objetivo, estamos apresentando a saúde digital como uma das maneiras de fortalecer o funcionamento desses sistemas.

Outro ponto é a discussão sobre a força de trabalho em saúde, com o objetivo de preparar e equipar o sistema com força de trabalho humana em número suficiente e com nível de capacitação adequado. Também priorizamos o incentivo à produção local e regional de medicamentos, vacinas e material de diagnóstico. Na eventualidade de uma nova pandemia, queremos que países, especialmente da América Latina, África e outras regiões vulneráveis, tenham acesso de maneira igualitária e facilitada a insumos estratégicos.

Ainda sobre emergências sanitárias, o que é o plano brasileiro para a Aliança para a Produção Regional e Inovação?

A pandemia expôs nossas vulnerabilidades e provocou discussões no mais alto nível sobre maneiras de melhorar a arquitetura internacional e aumentar a resiliência de nossos sistemas nacionais. Capacidade de vigilância e mecanismos de recuperação, força de trabalho treinada e produção local e regional são a base para a prevenção, preparação e resposta a emergências sanitárias.

Essa aliança entre os países é fundamental para garantir mais vacinas, medicamentos e inovação de forma igualitária. Essa é a agenda do Complexo Econômico Industrial da Saúde do Ministério da Saúde, pauta também prioritária, que converge totalmente com o que queremos avançar com a presidência do Brasil.

Uma das prioridades é a equidade em saúde. Como o Brasil espera levar o tema adiante?

A equidade na saúde é uma prioridade transversal a todas as outras. Estamos pautados pelos objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que necessitam de um impulso concreto nas áreas que precisamos avançar e algo sustentável para os próximos anos. Nosso objetivo, com a cooperação internacional, é garantir uma vida saudável, reduzindo as barreiras de acesso aos serviços de saúde, com respeito às diversidades, modos de vida dos povos e populações, garantir igualdade de oportunidades, abordar os vazios assistenciais e promover o direito das populações mais vulneráveis.

Qual seria o compromisso ideal para alcançar até o fim do G20?

O compromisso geral é uma grande mobilização internacional em favor do combate à fome e à pobreza. A saúde está engajada nesse sentido, pois sabemos que não existe combate à pobreza sem a garantia de acesso à saúde para a população.

Fonte: O Globo

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