Na Argentina, seis meses após a posse de Milei, a polarização continua

Protestos na Argentina contra governo de Milei
Protestos na Argentina contra governo de Milei — Foto: JAVIER SORIANO / AFP

O pequeno empresário Rafael Berritela, que votou em Sergio Massa, e o comerciante Diego Senen, eleitor de Javier Milei, continuam em lados diametralmente opostos . O blog conversou com os dois argentinos assim que Milei foi empossado, em 27 de dezembro, e voltamos a procurá-los nesta segunda-feira quando se completam seis meses da nova gestão. Enquanto Berritela, de 65 anos, avalia que é o pior governo da história argentina, Senen, de 54 anos, reforça seu apoio ao presidente e comemora a queda da inflação.

– Eu continuo votando nele e apoio até que cumpra seu mandato. Esta é uma semana especial, onde talvez seja aprovada a lei de bases, fundamental para iniciar os investimentos e começar a reduzir os impostos. Há muitos esquerdistas enraizados no poder tentando sabotar este governo. É muito difícil lutar contra as máfias que estão dentro do governo, nomeadas por governos anteriores. Levará muito tempo para limpar este estado calamitoso que temos, mas acredito que será possível. Espero que possamos. Pago impostos como um louco, tenho que trabalhar 100% e não errar, nem ficar doente. O maldito estado é sócio nos lucros, mas nas perdas me deixa jogado. Se não reduzirem os impostos e não aprovarem a lei de bases, a melhoria será muito lenta – avalia Senen.

Berritela, por sua vez, não vê nenhuma avanço até o momento, apenas retrocessos de direitos e qualidade de vida.

– Há pessoas que podem gostar dele (Milei), mas realmente as indústrias caíram muito, o custo de vida está muito alto, a inflação está maquiada, ou seja, é mentira o que dizem, e ele retirou direitos dos aposentados e dos deficientes. Além disso, a violência está cada vez pior. Eles não fizeram nada em termos de segurança e o pior é que todos os preços relacionados a serviços e, principalmente, a alimentos subiram muito. As pessoas estão passando por muitas dificuldades. Eu acho que isso não pode durar muito – diz o pequeno empresário, que já em dezembro não acreditava que Milei chegasse ao fim de seu mandato.

Apesar das manifestações contra o governo se multiplicarem na Argentina, pesquisa divulgada em maio mostrava que a popularidade de Milei continua em alta, entre 47% e 51% tem uma visão positiva do presidente.

Fonte: O Globo

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