Faz dois anos que Gleydson Dallyson Brito, de 16 anos, exerce sua voz de forma cidadã em São José do Seridó, no Rio Grande do Norte. Criado na pequena cidade de 4,5 mil habitantes, a 244 km de Natal, conta que o desejo de participar de forma ativa na construção do futuro de meninas e meninos sempre esteve presente em sua vida. Mas, após o ingresso no Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca), afirma ter ficado mais confiante e percebeu o poder da participação dos jovens nas políticas públicas.
“Quando eu vi que era um lugar que incentivava a ajudar o planeta, mostrar a voz do jovem, eu achei legal e decidi participar. Era muito minha cara, então entrei e estou até agora”, conta, lembrando que ingressou no Nuca aos 14 anos. Gleydson disse que sentiu o desenvolvimento em sua autoconfiança e na capacidade de se expressar desde que ingressou no Nuca. Antes, ressalta, ele acreditava que suas opiniões não eram importantes e que se expressar diante de adultos não traria mudanças.
“Nós, jovens, somos muito reprimidos. Na maioria das vezes, nós não conseguimos nos expressar muito”, diz, afirmando que encontrou o seu direito de fala dentro do Nuca e repercutindo ações sociais em sua cidade. São José do Seridó participa do Selo UNICEF e, seguindo a metodologia proposta pela iniciativa para exercício da cidadania participativa de adolescentes nas políticas públicas, implementou um Núcleo de Cidadania de Adolescentes.
Construindo habilidades
O adolescente comenta que, desde criança, sentia vontade de se destacar, desenvolver suas potencialidades e contribuir para a melhoria das condições dos jovens de sua comunidade. No Nuca, ele encontrou um espaço propício para isso, aprendeu sobre direitos e obrigações dos jovens. Há seis anos, Gleydson também é músico da Banda Filarmônica Jimmy Brito. Iniciou tocando trompa, mas, quatro anos atrás, encontrou-se no saxofone. O adolescente conta que começou a aprender sax, instrumento pelo qual seu avô era apaixonado já nos últimos dias de vida dele. Hoje, a cada apresentação com a Filarmônica, sente que é também uma forma de homenagear seu avô.
Em meio a suas atividades de estudante do ensino médio, participante ativo do Nuca e músico, Gleydson ainda desenvolve sua escrita. Ele é autor do livro Fantástico Mundo de Elliot, uma publicação independente com 262 páginas sobre as aventuras de um jovem que vai parar em um mundo com criaturas mágicas e perigosas. Sua fascinação por mitologia está presente no livro, com seres fantásticos e desafios mitológicos.
Gleydson afirma que o grupo do Nuca e o mobilizador de adolescentes de São José do Seridó, Melquides Medeiros, foram essenciais no incentivo de que precisava para concluir a história. Eles diziam “eu acredito no seu potencial” e a motivação, reforça o adolescente, foi fundamental durante o processo de escrita.
Caminhos para o futuro
Apesar do gosto pela música e escrita, Gleydson não pretende seguir essas áreas na faculdade. No momento, seus planos são de cursar arqueologia e se aprofundar na história da civilização. “O Nuca me mostrou o caminho certo para levar o jovem ao sucesso”, afirma, acrescentando que busca viver sua vida com propósito e espalhar seu aprendizado para os jovens em sua cidade.
Selo UNICEF – O Selo UNICEF é a principal iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Brasil que atua a partir do estímulo e reconhecimento de avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira. A Edição 2021-2024 conta com a participação de 2.023 municípios de 18 Estados brasileiros, sendo 676 na Amazônia e 1.347 no Semiárido. Seu sucesso é resultado da parceria entre o UNICEF e muitos parceiros, a exemplo de governos estaduais e municipais por meio da atuação integrada entre diferentes níveis de governo voltados para crianças e adolescentes.
Do site do Unicef