Mulheres pilotam avião de guerra, fazem manutenção de aeronaves e são maioria em setores da Força Aérea

Mulheres representam 15% dos militares lotados na Base Aérea de Natal, da Força Aérea Brasileira — Foto: Pedro Trindade/Inter TV Cabugi
Mulheres no comando de aeronaves da Força Aérea Brasileira no RNMulheres representam 15% dos militares lotados na Base Aérea de Natal, da Força Aérea Brasileira — Foto: Pedro Trindade/Inter TV CabugiMulheres militares atuam na Base Aérea de Natal, no Rio Grande do Norte — Foto: Pedro Trindade/Inter TV CabugiMilitares mulheres também estão presentes na área de manutenção de Aeronaves da FAB — Foto: Pedro Trindade/Inter TV Cabugi

Para um avião chegar às alturas é preciso desafiar a lei da gravidade, que puxa tudo para baixo. Quem pilota não pode se intimidar. É necessário coragem para encarar a missão, além de conhecimento. É o caso das aviadoras que trabalham na Base Aérea de Natal.

A participação feminina na Força Aérea Brasileira começou em meio à 2ª Guerra Mundial, quando em julho de 1944 seis mulheres passaram a integrar o quadro de enfermeiras da Aeronáutica. Mas o ingresso da primeira turma de mulheres como parte do efetivo só ocorreu décadas depois, em 1982, quando se identificou a necessidade de aumentar o contingente da corporação.

Mais tarde, em 1996, ingressaram as primeiras cadetes intendentes na Academia da Força Aérea, que atingiram o posto de tenente-coronel em 2017. Elas poderão chegar até a maior patente deste quadro: o posto de major-brigadeiro.

Atualmente, as mulheres representam cerca de 15% do efetivo que atua na Base Aérea de Natal. Na Torre de Controle de Tráfego Aéreo de Natal elas já são maioria. Dos 34 militares no setor, 21 são mulheres.

A tenente aviadora Gabriela Ariana Fernandes do Couto Lettieri atua como instrutora de C-95 Bandeirante – um avião de transporte usado inclusive em caso de guerra. Ela conta que tão importante quanto decolar é saber para onde se quer ir e, principalmente, o que fazer quando pousar.

“A missão mais marcante que eu vivi talvez nem tenha sido comigo pilotando, mas foi na Terra Yanomami, ano passado, quando vi de perto a importância do que a gente faz. Eu acho que geralmente quando a gente está do lado de cá, a gente só pensa; ‘ah, é só um voo’. Mas, quando a gente vê o reflexo do que a gente faz e o do quanto é importante para as pessoas que estão ao redor, faz muita diferença na nossa vida. Você sente que realmente está cumprindo sua missão ali”, afirmou.

Um voo que sobrevoou municípios potiguares teve a tripulação formada quase que totalmente por mulheres. A capitão aviadora Monique Idália de Almeida Costa estava na missão e explica que características como autocontrole, concentração e raciocínio rápido são indispensáveis para quem trabalha no céu. Embora o olhar alcance as nuvens, é necessário enxergar que a finalidade do trabalho está na população.

As aviadoras podem chegar até o posto de comandante da Força. A técnica humana atua em conjunto com os elementos mecânicos. A manutenção das aeronaves exige força, o que não falta à terceiro sargento especialista em eletrônica Laila Tolentino Silva.

Ao olhar para o que foi conquistado no passado e consolidado no presente, é possível imaginar o que se pode alcançar no futuro. Novas gerações de mulheres têm conquistado mais espaço.

A aspirante a oficial aviadora Ana Maria Cunha Rodrigues é a única aluna do curso de formação para pilotar caças, um avião de combate. As motivações que a trouxeram até as Forças Armadas se encontram com as contribuições que ela quer deixar na organização militar.

Para que o progresso seja contínuo, é indispensável a preparação. Os aspirantes estudam também em simuladores desenvolvidos por mulheres. Duas potiguares precisaram de um ano para criar um sistema que simula voo em um avião Bandeirante.

“Muito orgulho. É uma conquista muito grande poder aplicar o que a gente aprendeu na universidade e depois na área da Força Aérea, na área da aeronáutica”, disse a primeiro-tenente Larissa Fernandes.

A prática faz a diferença, mas a teoria forma. A capitão-aviadora Maria Luisa Michelon Silveira é como se fosse uma professora. Ela ensina diariamente aos outros militares as técnicas de voo. Ela comanda uma aeronave H50, um helicóptero conhecido como “Esquilo”. Além dos obstáculos que são enfrentados no céu, há outros que existem na terra.

“O maior desafio que eu já vivenciei até hoje na minha carreira, vivencio todos os dias. É no que diz respeito a uma autocobrança excessiva, buscando provar para mim mesma que eu preciso dar conta de fazer o meu papel, que eu precisar acertar da mesma forma que os homens. De moto que, se eu falhar, se eu errar, que se eu não conseguir atingir o padrão, as pessoas não atribuam isso ao fato de eu ser uma mulher”, disse.

Primeiro sargento especialista em controle de tráfego, Tayná Cristiane Ribeiro Huguenin tem 21 anos de serviço, acompanhou de perto as conquistas das mulheres na Força e garante que há oportunidade para mais.

“Na escola de formação nós éramos 36 mulheres e eram quase 200 homens. cheguei no meu primeiro local de trabalho e eram quatro mulheres e aproximadamente 100 homens trabalhando no local. Então a gente está vendo agora uma grande evolução, um aumento na quantidade de mulheres servindo”, ressaltou.

Fonte: G1 RN

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