O Ministério Público espanhol solicitou nesta quinta-feira o arquivamento da investigação por suposta corrupção da esposa do primeiro-ministro Pedro Sánchez, aberta após a denúncia de uma associação ligada à extrema direita, que admitiu ter se baseado apenas em reportagens da imprensa. Na véspera, o líder socialista ameaçou renunciar após o anúncio da apuração.
“O Ministério Público pede a revogação do despacho” do tribunal de Madri que iniciou a investigação “e o arquivamento do processo”, indicaram fontes do Ministério Público.
Com o processo declarado “em segredo” de justiça, nem o tribunal nem o Ministério Público deram mais detalhes sobre as alegações de corrupção e tráfico de influência sobre Begoña Gómez.
Segundo o site El Confidencial, o tribunal investigava as ligações de Gómez com o grupo espanhol Globalia, dono da companhia aérea Air Europa, que negociava com o governo sobre um resgate durante a pandemia, que acabou conseguindo.
O MP argumenta que a queixa não contém qualquer prova que aponte para os alegados crimes de tráfico de influência e corrupção denunciados pelo grupo Manos Limpias, próximo da extrema direita, disseram fontes ligadas à investigação ao El País.
A própria organização admitiu, num comunicado de imprensa nesta quinta-feira, que se baseou exclusivamente em “informações jornalísticas” que “afirmavam supostas irregularidades”, cuja “veracidade” a Justiça deve determinar.
O recurso do Ministério Público deixa nas mãos do Tribunal Provincial de Madri a decisão de arquivar o processo contra a mulher de Sánchez, como exige o MP, ou de manter a admissão ao processo decretada pelo juiz Juan Carlos Peinado, que declarou o caso secreto e convocou várias testemunhas para depor.
Para Pedro Sánchez, as denúncias contra a sua esposa são uma “estratégia de assédio e destruição” de meios apoiados pela direita e extrema direita. O premier espanhol anunciará na segunda-feira se continua no cargo ou se irá renunciar. (Com AFP)
Fonte: O Globo