Caicó, linda cabocla, é terra fértil de grandes mulheres. Mulheres anônimas e públicas; mulheres de múltiplos sorrisos e diferentes amarguras. Mas, em todas, a vocação para a liderança e para o trabalho, qualidades das heroínas.
Nascida nas terras da Fazenda Oiticicas no dia 11 de setembro de 1927, Dona Nailde, filha de Oswaldo Dantas e Maria Sálvia Dantas, construiu uma vida de trabalho, dignidade e pioneirismo ao lado de seu esposo, Francisco Pereira de Araújo, “Dom”, como, de fato, conhecemos Francisco. Ele também nasceu em 1927, no dia 22 de abril, filho de Joaquim Pereira de Araújo e Ana Teixeira de Araújo. São casados desde 15 de outubro de 1945.
Aliás, o início do namoro já foi um marco do pioneirismo. Dona Nailde conta que estavam em Timbaúba dos Batistas, em uma festa, quando conseguiu um cavalo e de lá saíram – ela e Dom – para uma vida em comum que vai chegando aos 70 anos! Também a ideia do Hotel foi dela: “meu marido era tropeiro e levava carne para vender em Natal e eu como queria ele perto de mim decidi que faríamos um hotel para receber as pessoas que aqui vinham fazer seus negócios e assim foi feito e hoje ainda estamos aqui para contar a história para as novas gerações”, contou Dona Nailde a jornalista Wllana Dantas, uma de suas netas, filha de Willian Dantas Pereira, único filho do casal.
Juntos – Dona Nailde e Dom – fundaram em 1960, em Caicó, com benção ministrada pelo Monsenhor Antenor Salvino de Araújo, o já cinquentenário Hotel Guanabara. “Tudo começou em um prédio alugado na Rua Renato Dantas, em 16 de julho de 1960. Pela velha pousada Guanabara muita gente importante circulava e descansava nas redes armadas no ‘oitão’. As coisas foram melhorando e compraram uma casa onde funciona até hoje o hotel. Muitas pessoas vinham de fora para comer a famosa paçoca preparada por Dom ou degustar um prato de caldo de mocotó”, acrescentou a publicação de Wllana Dantas.
Dona Nailde, contudo, não ficou apenas no exercício dos ofícios domésticos bem aprendidos em família e no Colégio Santa Teresinha, onde foi aluna. Assumiu uma postura de protagonismo também na vida pública e religiosa de Caicó. Na vida pública foi Vereadora – sempre pelo mesmo partido – por três mandatos e no engajamento cristão foi atuante membro da Ordem Vicentina, do Apostolado da Oração da Paróquia de Sant’Ana, dentre outras missões e grupos dos quais participou.
Todavia, uma das ações marcantes da atuação de Dona Nailde foi, ao lado de Telecila Fontes, Lídia Teixeira, Jaime Calado e outros, a luta pelo retorno da Fundação SESP a Caicó e, ainda mais, com a construção de um Hospital Regional. A luta foi vitoriosa e Caicó sabe dos muitos benefícios que o Hospital Regional lhe presta diariamente.
Dona Nailde, ao lado do esposo, filho, nora, netos e bisnetos, com a Graça de Deus, continua recebendo seus familiares e amigos no Hotel Guanabara. O Guanabara foi sempre referência de boa mesa e grandes reencontros, inclusive, logo após o tradicional Baile dos Coroas, a cada Festa de Sant’Ana. Dona Nailde e Dom se completam e juntos, ao longo dos últimos 70 anos, com muita determinação, construíram uma extraordinária jornada de trabalho, respeito e amor, digna de todas as homenagens.