Míssil russo cai a menos de 200 metros de comitiva de Zelensky e premier grego em Odessa

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E) e premier da Grécia, Kyriakos Mitsotakis (C) caminham por área residencial destruída de Odessa
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E) e premier da Grécia, Kyriakos Mitsotakis (C) caminham por área residencial destruída de Odessa — Foto: Serviço de Imprensa da Presidência da Ucrânia / Divulgação

Um míssil russo caiu a menos de 200 metros de uma comitiva que levava o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o premier da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, em uma visita à cidade portuária de Odessa, nesta quarta-feira. Segundo autoridades locais, cinco pessoas morreram no ataque, mas os integrantes das comitivas saíram ilesos.

Os dois visitavam o porto quando as sirenes de ataque aéreo soaram — pouco depois, de acordo com a Marinha ucraniana, um hangar que abriga drones usados para atacar alvos russos foi atingido, e cinco pessoas morreram. O local estava a menos de 200 metros de onde estavam Zelensky e o premier grego. As Forças Armadas russas confirmaram o ataque, sem mencionar se sabiam que os dois líderes estavam perto do alvo.

— Vimos a explosão hoje. Vocês viram com quem estamos lidando, eles (russos) não ligam onde estão atingindo. Sei que houve vítimas hoje — disse Zelensky, citado site Suspilne. — Eles não ligam se são soldados, civis ou convidados internacionais, eles não ligam.

Também citado pela publicação ucraniana, Mitsotakis disse que o incidente foi um lembrete “de que uma guerra real está acontecendo na Ucrânia”.

— O presidente Zelensky e sua equipe nos mostraram e explicaram a importância do porto e o que está sendo feito para restaurar e fortalecer a rota marítima ucraniana e os danos que sofreu durante os ataques, que estavam muito perto de nós. Não tivemos tempo de ir para um lugar seguro, foi uma experiência muito impressionante — afirmou o premier.

Segundo o jornal Prothotema, ninguém se feriu nas duas delegações, e o líder grego seguiu para a Moldávia, por via terrestre, de onde irá de avião para a Romênia. Como todas as viagens de líderes estrangeiros à Ucrânia, especialmente as que ocorrem longe de Kiev, a visita não foi previamente anunciada e ocorreu sob sigilo absoluto.

Em entrevista coletiva, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse que incidente reforça a necessidade dos países armarem a Ucrânia — um pacote bilionário de ajuda militar a Kiev está parado no Congresso desde o ano passado, e sem qualquer sinal de que será aprovado tão cedo.

— Este ataque é mais um lembrete de como a Rússia continua atacando a Ucrânia de forma temerária a cada dia e das necessidades urgentes da Ucrânia, em particular de sistemas interceptores de defesa aérea — assegurou um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

No X, o antigo Twitter, o presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, afirmou que o ataque foi “repreensível até pelos padrões do Kremlin”, e que ao supostamente tentar alvejar os líderes da Ucrânia e da Grécia, expõe mais uma “das táticas covardes da Rússia em sua guerra de agressão contra a Ucrânia”.

“O apoio total da União Europeia à Ucrânia e seu corajoso povo não será abalado”, concluiu Charles Michel.

O ataque ocorre pouco mais de uma semana de um incidente semelhante com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, à mesma região. Ela e sua comitiva precisaram ir para um abrigo em Odessa depois de um alerta de ataque aéreo e, no dia seguinte, abreviaram uma visita a Mylokaiv depois que um drone de monitoramento russo foi identificado perto dos veículos. Baerbock foi levada às pressas para a Moldávia.

Principal terminal portuário da Ucrânia, Odessa era um dos principais alvos da Rússia no início da invasão, há pouco mais de de dois anos, mas ainda segue sob controle ucraniano, o que não impede os ataques quase diários. Na segunda-feira, o outrora moderado e hoje radical vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, provocou calafrios mundo afora ao mostrar o que seria, em sua visão, a real extensão do território russo: o mapa abarcava quase metade da Ucrânia, incluindo toda a costa do Mar Negro e a cidade de Odessa.

— Um dos ex-líderes da Ucrânia disse , em algim momento, que a Ucrânia não era a Rússia — afirmou, durante uma apresençação em Moscou. — Esse conceito precisa desaparecer para sempre. A Ucrânia é, definitivamente, [parte da] Rússia. As partes históricas do país precisam voltar para casa.

Fonte: O Globo

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