Minas Gerais terá que investir em novas estratégias para alcançar metas de vacinação

Campanha de vacinação começa nesta segunda, dia 25 de março
Campanha de vacinação começa nesta segunda, dia 25 de março — Foto: Agência Minas

A campanha de vacinação contra a gripe começa hoje em Minas Gerais. A imunização normalmente é realizada no Brasil entre os meses de abril e maio, mas este ano o Ministério da Saúde antecipou a aplicação das doses por causa do aumento da circulação de vírus respiratórios no país. Algumas cidades, como é o caso de Belo Horizonte, já iniciaram a campanha. Desde a última quarta-feira, alguns grupos prioritários como pessoas com mais de 80 anos, grávidas e puérperas conseguem as doses nos postos de saúde.

Apesar da antecipação, a procura pelo imunizante está baixa. A prefeitura de BH deve divulgar nesta semana um primeiro balanço, mas a gerente de imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Gisele Nacur, confirmou que no primeiro dia a procura foi pequena e que haverá necessidade de ações para alcançar o público-alvo. “Nós começamos esse trabalho na quarta-feira e (o movimento) ainda é pequeno. Esse é um trabalho, de novo, de convencimento da população, daqueles que possam ter alguma dúvida em relação à eficácia dessa ação e essa comunicação tem que ser modificada no sentido desse convencimento, um trabalho mais específico dos agentes, seja indo a casa das pessoas ou recebendo essa população nos postos de saúde” – avalia Nacur.

A gerente de imunização tem razão ao dizer que é um trabalho “de novo” de convencimento. No ano passado, a busca pelo imunizante ficou abaixo do esperado. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, em 2023, a cobertura foi de 68,8%, não atingindo portanto a meta de 90% dos grupos prioritários de crianças, trabalhadores na saúde, gestantes, puérperas, indígenas, idosos, professores e pessoas com comorbidades. No ano passado, foram notificados 549 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por influenza e 51 mortes em Minas. Em 2024, até fevereiro, foram 11 casos notificados da doença e um óbito.

O problema de adesão não é apenas para vacina da gripe. O balanço das últimas campanhas de vacinação contra a dengue e covid, mostram resultados insatisfatórios. Minas aplicou, até o momento, 28,41% das vacinas contra dengue destinadas a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em 22 municípios selecionados para receber o imunizante. Em relação a covid, o índice é muito baixo em crianças. Segundo dados do Governo do Estado, a terceira dose não chegou a 8% em crianças de 6 meses a quatro anos. Prefeituras ampliaram os pontos de aplicação de vacina e estenderam horário de vacinação, inclusive aos fins de semana, mas as medidas parecem insuficientes.

Especialistas explicam que são diversos os motivos que justificam a reduzida procura pela vacinas nos postos de saúde. No caso da Covid-19, muitas pessoas se sentem relativamente seguras por terem tomado alguma dose, já terem tido a doença e por não conviverem diariamente com números absurdos de mortes pela doença como tivemos no auge da pandemia. Há ainda os movimentos antivacinas e a disseminação de notícias falsas sobre segurança e eficácia das doses.

Para a campanha contra gripe que começa agora e para Covid, o médico infectologista Estevão Urbano, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia e membro consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, recomenda uma estratégia de comunicação voltada para grupos de maior risco. “É preciso aumentar as campanhas nos grupos de maior risco para infecções graves – como imunossuprimidos, idosos e crianças muito pequenas – falando para essas pessoas e também para quem vive com elas. Nessas populações, em especial, as infecções ainda podem ser graves. A imunização não atinge períodos prolongados de níveis por isso os reforços são importantes” – sugere Urbano.

Com relação a dengue, o infectologista avalia que a busca pelo imunizante é expressiva. O estoque em clínicas particulares acabou rapidamente e há fila de espera em Belo Horizonte. “Talvez a gente precise ampliar mais rapidamente o fornecimento para outras faixas etárias da vacina. Se as crianças e os adolescentes não estão conseguindo acabar com a oferta, então vamos oferecer para outras pessoas. Várias cidades, metrópoles e estados estão com altíssima incidência, então especialmente nesses locais há uma demanda grande pela vacina, principalmente em clínicas privadas, já que o SUS não está disponibilizado para todas as faixas etárias. Isso mostra que população tem interesse em se vacinar” – sugere o infectologista.

A ampliação da campanha da dengue, segundo o Ministério da Saúde, depende da chegada de mais imunizantes ao Brasil. Doses contra a Covid estão disponíveis nos postos de saúde. Já a campanha de imunização contra a gripe vai até o dia 31 de maio. A expectativa é de que mais de 8,7 milhões de mineiros que estão entre os grupos prioritários sejam vacinados em todo estado.

Fonte: O Globo

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