Os dados macroeconômicos divulgados em 2024 nos Estados Unidos revelaram sinais de arrefecimento, o que impactou alguns segmentos acionários de menor qualidade e mais sensíveis aos ciclos da economia. No entanto, um conjunto seleto de grandes ações de tecnologia acabou impulsionando o desempenho geral dos principais índices do país.
De acordo com os estrategistas do Morgan Stanley, essa dinâmica sugere que o mercado está cada vez mais concentrado na desaceleração do crescimento econômico, dando menos importância à inflação e às taxas de juros.
O desempenho inferior das “small caps” (ações de empresas de menor capitalização) é um exemplo claro dessa tendência. Os estrategistas atribuem essa situação à combinação atual de políticas fiscais robustas e taxas de juros iniciais mais elevadas, que estão afastando muitos participantes econômicos.
O Morgan Stanley identifica 3 possíveis gatilhos para mudanças no cenário:
Atualmente, as provisões de liquidez mitigam parte desse risco. Contudo, um cenário de crescimento substancialmente mais fraco poderia afetar negativamente os múltiplos das ações em geral. Nesse contexto, as ações de grande capitalização com foco em qualidade podem ter um desempenho moderadamente superior, enquanto as ações defensivas podem se sair melhor.
Diante desse panorama, os estrategistas recomendam uma postura equilibrada, combinando o crescimento de qualidade das empresas de grande capitalização com estratégias defensivas.
Os juros nos Estados Unidos estão no patamar mais elevado das últimas décadas, razão pela qual diversos analistas sugerem que o Fed possa reduzir as taxas para facilitar uma recuperação econômica sem turbulências. Embora haja argumentos favoráveis a essa redução, o risco de uma aceleração indesejada da inflação por cortes prematuros é considerado pelos bancos como “muito alto”.
“O Fed poderia baixar as taxas, mas ainda não é necessário“, afirmou o banco Jefferies em um comunicado recente. A instituição financeira ressalta uma robustez atual da economia americana, indicando que ainda não é preciso uma ação de relaxamento monetário pelo Fed. “O perigo de reativar a inflação é demasiadamente elevado para justificar cortes preventivos”, afirmou o Jefferies.
O banco reviu suas expectativas e abandonou a previsão de uma recessão iminente, depois de postergá-la repetidamente. Apesar dos indícios de um arrefecimento no crescimento econômico, o Jefferies não vê um aumento significativo no risco de uma recessão plena. No entanto, mantém a recomendação de que o Fed deveria promover um corte nos juros até o final deste ano, possivelmente em novembro ou dezembro.
Essa posição é parcialmente alinhada com a do próprio Federal Reserve. Durante a reunião do Fomc (Declaração do Comitê Federal de Mercado Aberto) em junho, os integrantes votantes ajustaram a previsão de redução das taxas de juros de 3 para só uma vez neste ano, considerando que a inflação pode se manter mais alta do que o previsto anteriormente.
Olhando para além de 2024, há expectativas de cortes mais significativos nas taxas de juros, especialmente se o combate à inflação pelo Fed for auxiliado por um aumento na produtividade, num contexto em que a rotatividade laboral está diminuindo. Isso sugere que os trabalhadores estão menos inclinados a trocar de emprego em busca de salários mais altos.
Caso essa melhora na produtividade efetivamente contribua para o controle da inflação, o Jefferies projeta que “poderá haver margem para mais cortes nas taxas de juros no final de 2025 ou em 2026”.
Com informações da Investing Brasil.
Fonte: Poder360