Macron dirá a Lula que França não está pronta para acordo entre Mercosul e União Europeia

Lula com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Nova Delhi
Lula com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Nova Delhi — Foto: Ricardo Stuckert

Em uma visita de três dias ao Brasil, na próxima semana, o presidente da França, Emannuel Macron, deve dizer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que seu país não está pronto para aceitar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Macron levará a Lula que os franceses temem perda de competitividade em relação aos concorrentes sul-americano.

Segundo interlocutores do governo francês, há uma forte pressão dos produtores agrícolas nacionais contra o acordo. A principal razão é que há um custo adicional decorrente de medidas ambientais que precisam ser cumpridas e deixam os agricultores em desvantagem ante os competidores internacionais que não se submetem às mesmas exigências.

Uma das condições impostas pela UE para que o acordo seja aprovado é a anexação de um adendo de compromissos ambientais a pedido da França. O Brasil concordou e se dispôs a negociar, mas Paris agora demonstra resistência.

A viagem do mandatário francês ao Brasil tem por objetivo reforçar as relações bilaterais, que foram paralisadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Macron visitará quatro cidades, acompanhado de ministros e 140 empresários, grande parte de firmas de pequeno e médio portes.

Emmanuel Macron e Lula estarão juntos em Belém, na próxima terça-feira, primeiro dia de viagem do presidente da França. Essa primeira fase da agenda tratará de meio ambiente, com ênfase para clima e proteção das florestas.

Macron dirá que a França quer ser um parceiro de referência para o Brasil. Conversará com Lula sobre ações para mitigar os efeitos do aquecimento global e para que os habitantes da Amazônia vivam com dignidade, sem precisarem desmatar. A reforça das instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Conselho de Segurança da ONU também farão parte da agenda.

No dia 27, também ao lado de Lula, Macron vai a Itaguaí, no Rio, inaugurar o terceiro submarino construído em parceria entre Brasil e França. A embarcação, chamada Tonelero, será batizada e lançada ao mar.

Também na quarta-feira, o presidente francês participará, em São Paulo, de um encontro empresarial. Atualmente, há um estoque de investimentos da França no Brasil da ordem de 40 bilhões de euros, enquanto o total investido no país europeu pelo Brasil é e 2 bilhões de euros. Macron dirá que empresários brasileiros são bem-vindos em seu país.

Na quinta-feira, último dia no Brasil, Macron estará em Brasília para uma visita de Estado. Será recebido com pompa por Lula, no Palácio do Planalto. Entre os temas a serem tratados é o avanço da extrema direita no mundo, o combate à desinformação e a valorização da democracia.

As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio também serão assuntos a serem levados por Macron a Lula. Um integrante do governo francês disse que o presidente brasileiro deve receber um apelo para que tente convencer o líder russo, Vladimir Putin, de buscar o diálogo com os ucranianos, interrompendo um ciclo de ataques que começou no início de 2022.

Sobre o conflito entre Israel e grupo palestino Hamas, na Faixa de Gaza, Macron reforçará que França e Brasil compartilham a mesma preocupação com a morte de civis na Faixa de Gaza. E que os franceses defendem a solução de dois Estados, o de Israel e o da Palestina.

Fonte: O Globo

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