Lula pede liberdade do jornalista Assange às vésperas de possível extradição

Julian Assange, que Lula considera vítima de injustiça
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange; com a extradição, o australiano pode ser condenado a até 175 anos de prisão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a pedir neste domingo (19.mai.2024) a libertação do jornalista Julian Assange, preso no Reino Unido e acusado de espionagem pelos EUA. Desde que assumiu a presidência, Lula já chamou defensores da liberdade de imprensa de “covardes” por, segundo ele, não defenderem o jornalista e disse que sua prisão é uma “vergonha”.

O fundador do site WikiLeaks –que revelou diversos documentos secretos dos Estados Unidos, incluindo provas de espionagem do governo norte-americano contra governos de outros países, incluindo o Brasil– aguarda a decisão do Supremo Tribunal de Londres nesta 2ª feira (20.mai) que pode extraditá-lo para os EUA.

Lula afirmou que o jornalista deveria ter sido premiado por revelar “segredos dos poderosos” ao invés de estar preso: “Espero que a perseguição contra Assange termine e ele volte a ter a liberdade que merece o mais rápido possível.”

Assange enfrenta 18 acusações baseadas na Lei de Espionagem dos EUA. Se condenado, pode pegar até 175 anos de prisão. O jornalista é acusado por ter revelado 250 mil documentos militares e diplomáticos confidenciais que revelaram crimes de guerra e abusos de direitos humanos ocorridos nas guerras do Afeganistão e do Iraque.

As autoridades estadunidenses querem condenar Assange argumentando que suas ações no WikiLeaks prejudicaram a segurança nacional dos EUA, colocando em perigo a vida de agentes norte-americanos, segundo informações da agência Reuters.

A possível extradição do jornalista é criticada por organizações de jornalistas e entidades de direitos humanos. “As acusações com motivação política representam um ataque sem precedentes à liberdade de imprensa e ao direito do público à informação –procurando criminalizar a atividade jornalística básica”, afirma a campanha FreeAssange, liderada pela esposa do jornalista, Stella Assange.

A organização de direitos humanos Anistia Internacional considera que a extradição do jornalista é um “devastador” ataque à liberdade de imprensa.

A publicação de conteúdos do interesse público é uma pedra angular da liberdade dos meios de comunicação social. Extraditar Julian Assange para que enfrente alegações de espionagem por publicar informação classificada estabeleceria um precedente perigoso e deixaria muitos jornalistas apreensivos e inseguros em todo o mundo”, disse Agnés Callamard, secretária-geral da Anistia.

A extradição também foi criticada pelo ex-relator especial das Nações Unidas sobre Tortura, Nils Melzer, que chegou a pedir aos EUA que renuncie às denúncias contra Assange.

O caso é um enorme escândalo e representa o fracasso do Estado de direito ocidental. Se Julian Assange for condenado, será uma sentença de morte para a liberdade de imprensa”, afirmou o especialista em direitos humanos.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Poder360

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