O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto, voltarão a se enfrentar no debate da TV Globo nesta quinta-feira (29) —o último antes do primeiro turno das eleições.
O debate, previsto para as 22h30, poderá ser decisivo para os dois. A campanha do petista vê o evento como uma oportunidade para atrair votos úteis e indecisos e liquidar a fatura já no primeiro turno, enquanto a equipe do chefe do Executivo enxerga nele a possibilidade de ganhar uma sobrevida na corrida eleitoral.
Na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada (22), Lula liderava com 50% dos votos válidos, contra 35% de Bolsonaro —margem de erro de dois pontos percentuais. No levantamento do Ipec de segunda (26), o petista tinha 52% dos votos válidos e o presidente, 34%. Um candidato precisa superar os 50% nessa métrica para vencer em primeiro turno.
O petista, no entanto, minimizou a importância do evento para as mudanças nas eleições e afirmou em entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais, na terça (27), que “não tem debate que vire o jogo”. “Não é possível”, disse.
Esse será o segundo debate que o ex-presidente participa. Ele se ausentou do evento promovido no SBT no último sábado (24), para participar de dois comícios em São Paulo: um no Grajaú, zona sul, e outro em Itaquera, zona leste.
No primeiro, organizado no final de agosto em pool por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura, Lula teve seu desempenho criticado, principalmente por não responder diretamente a questionamentos de Bolsonaro sobre corrupção.
Desta vez, segundo aliados do ex-presidente, Lula se concentrou para o debate, dedicando-se aos preparativos com um grupo de colaboradores.
A equipe do petista lembra que o ex-presidente tergiversou sobre a ida ao debate anterior do qual participou e, por isso, não se organizou o tanto que deveria para as respostas.
Os preparativos foram feitos em meio à comemoração do aniversário de sua esposa.
Para o debate desta quinta, a orientação é que Lula seja incisivo em resposta aos ataques que receba.
A expectativa é que Bolsonaro seja mais agressivo e provocador. Um aliado do ex-presidente diz ainda que é esperado que o candidato Padre Kelmon (PTB), substituto do bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) na corrida eleitoral, faça dobradinhas com o presidente, como fez no SBT.
É preciso que Lula seja pontual, marque posição e evite erros, segundo aliados. E se esforce para dialogar com o eleitor, especialmente da classe média, público da emissora.
A ideia é que se mostre agregador, a exemplo do discurso do evento com artistas e figuras públicas realizado na segunda (26), que defenda um pacto contra a fome e pela reunificação do país.
Com a campanha de Bolsonaro pressionada pelo bom desempenho de Lula nas pesquisas, aliados do presidente avaliam que o debate presidencial da TV Globo é a oportunidade para que o mandatário esboce reação e garanta vaga no segundo turno.
Da Folha