Linklado: pesquisadores desenvolvem teclado especial para línguas indígenas

No Brasil, além do português, existem mais de 200 línguas indígenas -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
No Brasil, além do português, existem mais de 200 línguas indígenas - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Nesta quarta-feira (21/2), é celebrado o Dia Internacional da Língua Materna, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com o objetivo de ressaltar a importância da diversidade linguística. No Brasil, além do português, existem mais de 200 línguas indígenas. Portanto, com o objetivo de preservar esse aspecto cultural e incentivar a fala da língua materna, duas pesquisadoras e dois estudantes desenvolveram um teclado especial para povos originários, conhecido como Linklado.

A iniciativa surgiu em 2022, como uma resposta às dificuldades enfrentadas na escrita das línguas indígenas em plataformas digitais. O projeto foi desenvolvido em parceria com as pesquisadoras Noemia Ishikawa e Ana Carla Bruno, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e os estudantes Samuel Minev Benzecry e Juliano Portela.

“Parece uma coisa irrelevante, não é? Imaginem ter seus nomes escritos, registrados em documentos oficiais, escrever mensagem através de Whatsapp, histórias, livros didáticos com grafemas ou letras que não representam de fato os sons (fonemas) de suas línguas? Por muito tempo, a escrita foi um instrumento de poder nas mãos dos não indígenas, hoje a escrita pode ser um instrumento de poder nas mãos dos próprios indígenas”, explica a pesquisadora Ana Carla Bruno.

 

A ausência de caracteres especiais nos teclados restringia a comunicação diária dos falantes de línguas indígenas
A ausência de caracteres especiais nos teclados restringia a comunicação diária dos falantes de línguas indígenas
(foto: Divulgação)

“É muito importante que estas línguas continuem sendo utilizadas de forma oral pelas crianças, jovens e adultos nas aldeias, nas cidades, nas comunidades, na universidade. E que os próprios indígenas decidam o que querem escrever nas suas línguas. A possibilidade de escrever na língua materna é uma das maneiras de mantê-las em uso, sobretudo entre os jovens”, acrescenta.

A ausência de caracteres especiais nos teclados não apenas restringia a comunicação diária dos falantes de línguas indígenas, mas também impactava o avanço acadêmico, pois os estudantes indígenas encontravam dificuldades ao redigir monografias, dissertações e teses em línguas maternas, enquanto escritores enfrentavam barreiras para publicar obras.

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um plano de dez anos (2022-2032), chamado de Década Internacional das Línguas Indígenas, para preservar a diversidade sociolinguística. Cabe destacar que, cada vez que uma língua indígena é extinta, também se vão a cultura, a tradição e os saberes que ela carrega. Segundo a ONU, os povos indígenas são 6% da população global e falam mais de quatro mil das 6,7 mil línguas do mundo. No entanto, estima-se que mais da metade de todas elas serão extintas até o final deste século.

O aplicativo Linklado é gratuito e está disponível para dispositivos Android, iOS e Windows. Para acessá-lo, basta clicar neste link.

Fonte: Correio Braziliense

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