Lewandowski diz que fuga em Mossoró é ‘oportunidade’ para reformar presídios: ‘Imagina se fosse o Marcola?’

Ministro da Justiça, Lewandowski, desembarca em Mossoró
Ministro da Justiça, Lewandowski, desembarca em Mossoró — Foto: Jamile Ferraris / MJSP

Enfrentando sua primeira grande crise no Ministério da Justiça, Ricardo Lewandowski considera a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró pode ter aspectos positivos. Ao GLOBO, o ministro elencou o que chama de “dividendos” do episódio.

— É uma oportunidade de fazer uma reforma nos presídios. Imagine se tivesse ocorrido a fuga de alguém como o Marcola? Estamos muito mais preparados agora — disse, em referência a Marcos Willians Herbas Camacho, um dos chefes da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).

A declaração de Lewandowski foi dada durante viagem a Mossoró, nesta quarta-feira. O compromisso oficial foi acompanhado com exclusividade pela reportagem do GLOBO.

O governo já anunciou algumas medidas para aprimorar a segurança dos presídios federais, como a compra de equipamentos de videomonitoramento e câmeras térmicas, construção de muralhas ao redor das penitenciárias, instalação de cercas elétricas e aumento das revistas diárias.

Lewandowski definiu sua viagem a Mossoró como uma forma de cobrança para que a força-tarefa consiga recapturar os presos que protagonizaram uma fuga inédita do sistema carcerário federal.

— Vim para cobrá-los. Precisava dar uma incerta, como se diz no meio militar — afirmou Lewandowski. — A polícia me garante que serão capturados, mas não sabemos quando.

Diante dos questionamentos sobre a necessidade de manter 500 policiais revezando-se dia e noite em buscas em mata e em pequenos vilarejos, o ex-juiz deve renovar a permanência da Força Nacional na região por um período que ainda está sob avaliação.

— Enquanto tivermos indício de que eles estão dentro do perímetro de busca, vamos manter. Não posso deixar a população local desprotegida. São bandidos perigosos. Agora, se tivermos convicção de que eles foram para outro estado, tudo muda.

Até agora, foram sete prisões e dez mandados de busca e apreensão na operação de captura que completou um mês. A última pista dos fugitivos Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral do Nascimento havia sido encontrada no início de março. Na terça-feira, porém, policiais levantaram indícios de que os dois passaram por uma casa nas redondezas de Mossoró. Após alerta dos proprietários, que viram os cachorros mais agitados que o normal, um cão farejador identificou possíveis rastros da dupla criminosa. O episódio deu alento para a equipe local, que pôde restringir o perímetro de busca e renovar o ânimo pela tão aguardada prisão.

Os relatórios de inteligência, com imagens de satélites e os passos percorridos pela operação até aqui, também dão a Lewandowski a sensação de que estão no caminho certo.

— Se eu achasse que não há esperança, diria para encontrarmos um jeito de descalçar a bota. Mas não foi o que eu encontrei lá — resumiu o ministro.

Fonte: O Globo

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