LAIS/UFRN sugere volta às aulas em formato híbrido e toque de recolher por dois dias no RN

Um grupo de pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que faz parte do comitê científico que auxilia o Governo do Estado na pandemia da covid-19, sugere que o estado libere a retomada das aulas em formato híbrido nas escolas privadas de Natal. Essa e outras sugestões estão em relatório finalizado na noite da segunda-feira (29), que também sugere a manutenção de restrições impostas pelo atual decreto em vigor no estado  e toque de recolher na Páscoa.

Analisando os efeitos das medidas restritivas tomadas em conjunto pelo Governo do Estado e prefeituras, foi constatada uma evolução e tendência de queda nos números de internações e na taxa de transmissibilidade. A redução na fila de espera por leitos críticos também foi constatada e, de acordo com os próprios pesquisadores, o fato se deve à ampliação no número de leitos e também às restrições em vigor desde o mais recente decreto publicado em 17 de março.

“A redução dos pedidos de internações em leitos covid-19 pode ser um indicativo positivo do decreto estadual publicado em conjunto com o município de Natal/RN e, também, dos decretos de Parnamirim/RN, São Gonçalo/RN e Ceará-Mirim/RN, os quais seguiram o decreto estadual ou impuseram um decreto ainda mais rigoroso. Esse fator, provavelmente, vem contribuindo para mitigar os efeitos da transmissibilidade e das internações na Região Metropolitana de Natal/RN”, disse o relatório.

Além de voltar a criticar a utilização de Ivermectina, Cloroquina e Hidroxicloroquina, os pesquisadores disseram no relatório que, com o avanço na vacinação e efeitos das restrições, “é possível observar, em todo o RN, uma redução dos pedidos por internação em leitos covid-19”.

“Isso, provavelmente, já pode ser fruto dos primeiros impactos positivos do último decreto publicado. Como os resultados, neste momento, ainda são lentos, não é possível falar, agora, em relaxar as medidas sanitárias, ao menos até a Páscoa. É necessário ter uma maior clareza quanto à sustentabilidade na redução das solicitações de internações por covid-19 por um prazo maior de dias, com o propósito de poder orientar de maneira mais segura as autoridades públicas do estado no que diz respeito ao relaxamento das medidas impostas no último decreto”, disse o documento.

Como recomendações, os pesquisadores sugeriram 11 pontos específicos ao Poder Público, desde a ampliação da vacinação a novas medidas restritivas. O grupo quer que o decreto atual seja mantido até, pelo menos, o dia 4 de abril, que é o dia de Páscoa, e que o Rio Grande do Norte tenha um toque de recolher das 5h do sábado (3) até as 5h da segunda-feira (5). Após esse período, eles sugerem que as aulas em formato híbrido, com 50% da capacidade das escolas, mas somente em escolas que tenham a capacidade de se atender às normas sanitárias para atividades presenciais.

O decreto vigente no estado prevê restrições somente até o dia 2 de abril, mas o secretário de Saúde do Rio Grande do Norte, Cipriano Maia, disse que a tendência é que ocorra uma prorrogação.

Veja as 11 recomendações, assinadas pelos pesquisadores Fernando Farias, Higor Morais, Ion de Andrade, Leonardo Lima, Monica Bay, Nícolas Veras, Pablo Holanda, Ricardo Valentim e Rodrigo Silva:

1) O atual decreto do estado deve ser mantido até o final da semana da Páscoa (04/04/2021).

2) Implantar, no sábado e no domingo de Páscoa, toque de recolher de 48 horas, iniciando-se às 5h da manhã do sábado (03/04/2021) até às 05h da segunda-feira (05/04/2021).

3) Após a Páscoa, deve ser iniciado o retorno às aulas em formato híbrido com 50% da capacidade para as atividades presenciais.

4) O Governo do Estado e os municípios devem apresentar um plano de retomada gradual das atividades econômicas.

5) Os educadores físicos, por serem profissionais de saúde, devem ser incluídos na lista de vacinação já nas fases prioritárias, pois esses têm um papel social importante e muitos deles estão expostos em academias e também porque trabalham com a população considerada de risco.

6) As Pessoas com Síndrome de Down devem ser priorizadas na vacinação, pois há comprovação científica de que estes fazem parte do grupo de risco, logo não é possível negligenciar essa população.

7) Os gestores públicos não devem investir recursos públicos em fármacos sem autorização da ANVISA, cuja bula do medicamento não conste explicitamente a indicação clínica para covid-19. Ao contrário, todos devem unir esforços em prol da ACELERAÇÃO DO PROCESSO DE VACINAÇÃO EM MASSA DA POPULAÇÃO.

8) É altamente recomendado que as autoridades públicas do estado e dos municípios invistam em pesquisas clínicas para o enfrentamento a covid-19.

9) As autoridades sanitárias do estado devem alertar a população que a prescrição off-label de medicamentos sem autorização da ANVISA para a covid-19 é algo desaconselhado pela Associação Médica Brasileira. Caso a indicação clínica não conste na bula do medicamento, o paciente deve ser informado de que se trata de um método terapêutico experimental, uma vez que não há evidências científicas de que o mesmo tenha ação profilática e/ou terapêutica contra a covid-19. Além disso, paciente deverá ser informado de que é preciso manter o distanciamento social adequado, usar máscaras, fazer higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%.

10) Diante dos resultados apresentados em estudos científicos amplamente divulgados e revisados por pares sobre o uso indiscriminado e da automedicação utilizando Ivermectina, Cloroquina e Hidroxicloroquina, é fundamental que o Governo do Estado e demais municípios elaborem um plano de comunicação voltado para população em geral alertando sobre os riscos do uso desses medicamentos.

11) O Estado e todos os municípios precisam, urgentemente, discutir o retorno às aulas das escolas públicas, pois essas são as mais afetadas durante todo o curso da pandemia. As crianças e os adolescentes mais pobres do estado já foram bastante impactados pela falta das aulas presenciais, aspecto esse que poderá ampliar ainda mais a desigualdade social no RN.

Da Tribuna do Norte

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