Justiça britânica decide nesta terça sobre recurso de Assange contra sua extradição para os EUA

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange
Fundador do WikiLeaks, Julian Assange — Foto: CARL COURT / AFP

A Justiça britânica anuncia nesta terça-feira sua decisão sobre o recurso apresentado pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange, contra a sua extradição para os Estados Unidos, que o acusam de espionagem pelo vazamento em massa de documentos confidenciais, especialmente sobre a Guerra do Iraque, e o consideram uma ameaça pública.

Depois de duas audiências em fevereiro, dois magistrados do Supremo Tribunal de Justiça de Londres anunciam sua decisão a partir das 7h30 (horário de Brasília), como indicou o tribunal na sua agenda publicada nesta segunda-feira.

Eles devem decidir se concedem ao australiano de 52 anos o direito de recorrer da sua extradição para os Estados Unidos, aceita em junho de 2022 pelo governo britânico. Em caso de derrota, Julian Assange encaminharia a questão para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos na esperança de suspender a extradição, segundo a sua esposa Stella Assange.

Fundado em 2006, o WikiLeaks entrou em cena em 2010, quando passou a publicar informações secretas sobre a atividade militar americana no Iraque e no Afeganistão ao longo de vários meses. Em julho daquele ano, publicou um arquivo com seis anos de documentos militares confidenciais sobre a Guerra do Afeganistão. Depois, divulgou um segundo montante de relatórios secretos, desta vez sobre a Guerra do Iraque, em outubro.

No mês seguinte, publicou 250 mil telegramas diplomáticos confidenciais americanos que mostravam os bastidores das negociações entre Estados Unidos e aliados durante a “guerra ao terror” lançada pelo governo de George W. Bush depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. Desde 2010, foram publicados mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas americanas.

Apesar das acusações dos EUA, a batalha legal de Assange começou em um caso no qual foi acusado de estupro pela Justiça da Suécia, em 2010 — segundo a defesa dele, esse processo era apenas uma desculpa para justificar seu envio para os Estados Unidos. Sua extradição chegou a ser autorizada por um tribunal britânico em 2011, mas ele recorreu, e em 2012, após ser novamente derrotado nos tribunais, ele se abrigou na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu até 2019. O caso de estupro foi arquivado no mesmo ano, depois que as autoridades suecas consideraram que as provas não eram convincentes.

Com a mudança de poder em Quito, Assange precisou deixar a representação diplomática naquele ano, e foi imediatamente preso. Pouco depois, os EUA requisitaram sua extradição — o fundador do WikiLeaks enfrenta um pedido de 175 anos de prisão neste caso, que se tornou um símbolo de ameaças à liberdade de imprensa. Contudo, ele também foi criticado por supostamente beneficiar a Rússia com vazamentos de material confidencial visto como danoso ao Partido Democrata nos EUA. Em 2016, ele divulgou, por exemplo, e-mails da campanha de Hillary Clinton obtidos quando hackers russos invadiram computadores do Comitê Nacional Democrata.

Em 2021, a extradição foi finalmente liberada pela Justiça britânica, e autorizada pela então ministra do Interior, Priti Patel, em 2022. Desde então, Assange tenta reverter a decisão, e mesmo que seja derrotado nesta terça-feira, ele ainda pretende recorrer à Corte Europeia dos Direitos Humanos, onde ele já entrou com um processo. Contudo, seus advogados temem que o caso só seja aceito e analisado após uma eventual extradição.

Fonte: O Globo

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