Julian Assange: Fundador do WikiLeaks pedirá perdão à Presidência dos EUA após aceitar acusação, diz sua mulher

Julian Assange
Julian Assange — Foto: Reprodução/Stella Assange

A mulher de Julian Assange, Stella, afirmou que o marido e fundador do WikLeaks irá pedir um perdão à Presidência dos Estados Unidos, após ele ter concordado em se declarar culpado de uma acusação, e encerrado um longo e amargo impasse com o país, em troca de sua liberdade, informou o The Guardian nesta terça-feira. Assange está atualmente a caminho da Austrália após ter sido libertado, na manhã de segunda, de sua prisão em Londres, segundo o WikiLeaks.

— O fato de haver uma confissão de culpa, ao abrigo da Lei da Espionagem, em relação à obtenção e divulgação de informações de Defesa Nacional é obviamente uma preocupação muito séria para os jornalistas e para os jornalistas de segurança nacional em geral — disse Stella à agência de notícias Reuters.

Nesta terça, o avião que transporta Assange aterrissou em Bangkok, capital da Tailândia, para reabastecer antes de transportá-lo para as Ilhas Marianas do Norte (território americano no Pacífico), onde o fundador do WikLeaks deverá comparecer ao tribunal de Saipan. Segundo o Guardian, o australiano será condenado às 9h (horário local) de quarta-feira. Assange se declarará culpado perante o juiz de “conspiração para obter e divulgar informações relacionadas com a defesa nacional”. Nos termos do acordo, ele será libertado e seguirá para a Austrália, o seu país de origem.

A mulher de Assange, uma advogada que trabalhou na campanha pela libertação do marido, disse à agência que foram “anos difíceis” e que só acreditaria que ele estava realmente livre após reencontrá-lo. Stella também confessou estar preocupada com a possibilidade de algo dar errado e, nas redes sociais, pediu aos seguidores para que acompanhassem o avião, um voo VJ199: “Por favor, (…) precisamos de todos os olhos no voo para o caso de algo dar errado”, escreveu como legenda de uma foto de Assange na aeronave.

Stella afirmou ainda que pretende lançar uma campanha para angariação de fundos após ter fretado um voo para transportar Assange para a Austrália via Tailândia e Ilhas Marinas, sob o custo de US$ 500 mil. Ela explicou à Reuters que a política australiana prevê que Assange seja responsável pelo seu próprio voo de regresso e, por isso, “estará basicamente em dívida quando desembarcar em Camberra”.

O fundador do WikiLeaks foi acusado de publicar cerca de 700 mil documentos confidenciais relacionados com as atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos a partir de 2010, que incluíam material sobre a atividade militar americana no Iraque e no Afeganistão, bem como telegramas confidenciais partilhados entre diplomatas — o que deu início a uma batalha prolongada com o governo americano.

Assange e os seus apoiantes argumentavam há muito tempo que os seus esforços para obter e divulgar publicamente informações sensíveis de segurança nacional eram do interesse público e mereciam as mesmas proteções da Primeira Emenda na Constituição americana, concedidas aos jornalistas de investigação. O fundador do WikiLeaks estava detido em uma prisão de alta segurança em Londres desde 2019, após ter passado sete anos escondido na embaixada do Equador na capital britânica para evitar a extradição para a Suécia por acusações de agressão sexual que foram posteriormente retiradas.

Em 2020, Stella revelou que teve dois filhos com Assange enquanto ele vivia na Embaixada do Equador. As crianças estão com ela na Austrália e ela afirmou à rede BBC que ainda não os contou sobre a libertação do pai, dizendo a eles apenas que “havia uma grande surpresa”. Ela explicou que alguns detalhes da libertação do marido deveriam ser mantidos em segredo enquanto ele viajava para a Austrália e que “obviamente, ninguém pode impedir que uma criança de cinco e sete anos grite sobre eles nos telhados a qualquer momento.”

Assange concordou, na segunda-feira, em se declarar culpado de uma acusação de crime de disseminação ilegal de material de segurança nacional, uma das maiores na História do governo americano, em troca de sua liberdade, encerrando um longo e amargo impasse com os Estados Unidos. Ao se declarar culpado, ele poderá ser condenado a 62 meses de prisão, mas tendo cumprido um período semelhante em prisão preventiva em Londres, espera-se que possa regressar à Austrália. (Com NYT e AFP)

Fonte: O Globo

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