Jatinhos, relógios, imóveis: apreendidas por MP, planilhas de facção de SP apontam vida de luxo de cúpula

Investigadores identificaram estilo de vida luxuoso de suspeitos de integrar facção criminosa em SP
Investigadores identificaram estilo de vida luxuoso de suspeitos de integrar facção criminosa em SP — Foto: Divulgação/MPSP

Planilhas de uma facção criminosa de São Paulo apreendidas numa operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do estado, e pela Polícia Militar do Estado de São Paulo detalham a vida de luxo dos chefes do grupo criminoso.

Segundo o MP-SP, a investigação aponta que a organização criminosa já enviou ao exterior cerca de R$ 1,2 bilhão. Esta semana, os agentes deflagraram a segunda fase da Operação Sharks, que visa à asfixia financeira do grupo por meio da apreensão de bens, do bloqueio de contas bancárias e da identificação de laranjas e empresas de fachada usadas no esquema de lavagem de dinheiro.

— Estamos atacando o patrimônio de núcleos formados por dois líderes: Marcos Roberto de Almeida e Odair Mazzi. Só esses eixos movimentaram em certo período mais de R$ 100 milhões — destacou o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, durante entrevista coletiva sobre a operação.

Almeida e Mazzi são apontados como chefes de um dos núcleos de lavagem de dinheiro da facção. Os documentos apreendidos e outras diligências revelaram uma rotina de luxo dos alvos, com uso de roupas de grife, viagens internacionais em jatinhos e carros de luxo na garagem.

“A investigação revela que, enquanto os líderes levam uma vida de luxo, milhares de faccionados que vivem nas cadeias e as suas famílias têm uma vida pobre e miserável”, diz o MP-SP.

Na última terça-feira, os investigadores cumpriram um mandado de prisão preventiva contra dois homens suspeitos de realizar operações financeiras para a facção. Eles foram identificados pelo jornal “Metrópoles” como Dário Pereira Alencar e Márcio Roberto de Souza Costa. O MP apontou que os dois integram o núcleo comandado por Almeida, que segue foragido, e por Mazzi, preso em julho num resort de luxo de Pernambuco.

— Com os mandados cumpridos [nesta terça-feira], verificaremos a questão do sequestro de imóveis e bens de luxo, como joias e relógios — explicou Gakiya.

Mazzi é apontado como o responsável por gerenciar parte do tráfico de drogas do exterior para o Brasil. De acordo com o MP, só em relógios, um dos investigados tinha o equivalente a R$ 2 milhões.

Para o promotor Fabio Bechara, também do Gaeco, a fragilidade dos sistemas para abertura e alteração de empresas e para a fiscalização dos documentos públicos e particulares geram “grande facilidade” para transações de lavagem de capitais, feitas de forma “muito diluída e capilarizada”.

Provas colhidas durante a operação apontaram que a cúpula da facção movimenta mais de R$ 100 milhões todos os anos, sobretudo com o tráfico de drogas. Na ação de terça, os agentes apreenderam armas de fogo, munição, além de R$ 65.629, US$ 4 mil, mais de 2 mil euros, 9 mil pesos argentinos, 35 relógios, celulares, notebooks, pen drives e documentos.

— Obviamente, o interesse das investigações é por contas bancárias, cartões e escriturações de imóveis — afirmou o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo.

Os agentes cumpriram mais de 20 mandados de busca e apreensão na cidade de São Paulo, na Baixada Santista e na Bahia, com a colaboração do MP baiano.

Fonte: O Globo

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