Jair Bolsonaro repudia apologias a nazismo e pede ‘mais juízo’

O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu se pronunciar sobre as mais recentes declarações interpretadas como apologias ao nazismo. Em uma série de tuítes, Bolsonaro repudiou o nazismo “de forma irrestrita e permanente” e pediu “mais juízo e responsabilidade”, mas disse que o comunismo também deve ser combatido.

Embora não explicite, a postagem do presidente se refere a dois episódios. Ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), o influenciador digital Monark foi demitido do Flow Podcast após defender, na última segunda-feira, a criação de um partido nazista no Brasil. Kim Kataguiri disse que a Alemanha errou ao criminalizar o Nazismo.

A Procuradoria-Geral da República (PRG) já abriu investigação sobre os dois. Ontem, o jornalista e ex-BBB Adrilles Jorge foi desligado da Jovem Pan após um gesto associado a Hitler. O Senado fará uma sessão de homenagem às vítimas do Holocausto.

“A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e qualquer ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade”, publicou Bolsonaro no Twitter.

De acordo com Bolsonaro, é preciso seriedade ao abordar o tema para evitar qualquer banalização. “Que o momento seja de reflexão, de amadurecimento, a respeito de qual ambiente queremos criar para o Brasil. Tenhamos todos mais juízo e responsabilidade. Precisamos continuar trabalhando pelo futuro de nossa nação”, seguiu o presidente.

O chefe do Executivo, porém, afirmou que outras ideologias que pregam “divisão de pessoas” também devem ser “combatidas por nossas leis”. “Como o comunismo”, escreveu.

Ele ainda reiterou seu apoio ao povo judeu. “Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais aproximou o nosso país dos judeus, seja intensificando as relações bilaterais com Israel, seja apoiando iniciativas importantes, como a Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), na qual ingressamos em meu governo.”

Bolsonaro também escreveu na rede social que o Brasil é acolhedor e, por isso, “nunca terá solo fértil para o totalitarismo”. “Quem deseja o contrário está do lado errado”, publicou. Com fins políticos, o governo federal defende que o País passa por um momento de corrosão das liberdades individuais com a atuação de governadores, prefeitos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no combate à pandemia.

Demissão

O escritor e comentarista Adrilles Jorge foi demitido ontem da Jovem Pan após fazer um gesto que foi associado ao nazismo. Ao encerrar sua fala em um programa da emissora, ele levou a mão estendida à altura do rosto. Nas redes sociais, usuários apontaram semelhança com a saudação nazista “sieg heil” (“salve a vitória”), usada durante o período do Terceiro Reich alemão.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver o apresentador William Travassos falando “surreal” em reação ao comentarista. Usuários compararam ainda a imagem de Adrilles a registros de Adolf Hitler fazendo um gesto semelhante.

Em nota, a Jovem Pan afirmou que seus comentaristas “têm independência para emitir opiniões, respeitando os limites da lei, opiniões estas que não refletem as posições” do grupo. “O Grupo Jovem Pan repudia qualquer manifestação em defesa do nazismo e suas ideias. Somos veementemente contra a perseguição a qualquer grupo por questões étnicas, religiosas, raciais ou sexuais”, diz o comunicado divulgado pela emissora.

A bancada do PT na Câmara dos Deputados anunciou que daria entrada com um pedido de cassação do mandato de Kim Kataguiri (DEM-SP) junto ao Conselho de Ética da Casa.

 

 

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