Mais de 30 mil palestinos morreram. Maioria não é do Hamas. Milhares e milhares são mulheres e crianças. Meninos e meninas ficaram órfãos. Mais de 2 milhões de palestinos estão sob bombardeios e deslocados. Casas foram destruídas. Bairros e cidades ficaram em ruínas. Famílias estão sem água, sem comida e sem remédio.
O parágrafo acima, que descreve a destruição causada por Israel na Faixa de Gaza, não foi escrito por mim. Na verdade, o presidente Joe Biden que disse essas palavras no discurso do Estado da União, o mais importante que um líder norte-americano faz todos os anos.
O discurso mostra a consolidação da mudança de tom de Biden em relação ao conflito em Gaza. Passou a condenar publicamente o resultado das ações militares israelenses. Essa nova postura tem origem tanto numa preocupação com a perda do apoio do eleitorado jovem, que o critica pelo apoio a Israel, como também pela magnitude da destruição provocada pelas forças israelenses em resposta ao atentado terrorista do Hamas em 7 de outubro, quando 1.200 pessoas em Israel foram mortas, além de cerca de 240 terem sido sequestradas, incluindo bebês e idosos, e mulheres terem sido alvo de violência sexual.
Ao mesmo tempo, Biden deixou claro que Israel tem todo o direito de se defender. Foi firme nas suas condenações aos terroristas do Hamas. Não falou em cessar-fogo pelo lado israelense e ainda mantém uma ajuda militar multibilionária an Israel.
A novidade no discurso, no entanto, foi o plano para a construção de um pier em Gaza para a chegada de ajuda humanitária para os palestinos. Não está claro ainda como será a parte operacional e seria algo para daqui algumas semanas. Mais importante, Biden cravou que são mais de 30 mil mortos. Agora não são apenas “autoridades palestinas ligadas ao Hamas” que dizem. É o presidente dos EUA, maior aliado de Israel no mundo.
Fonte: O Globo