O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou a visita da delegação israelense à Casa Branca após a abstenção dos Estados Unidos na votação do Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, anunciou a imprensa local. A postura adotada pelos EUA abriu caminho para que a resolução sobre o conflito no enclave fosse aprovada pelas Nações Unidas nesta segunda-feira, mais de cinco meses após o início da guerra.
Um comunicado divulgado pela Kann, emissora estatal de Israel, diz que “os EUA recuaram de sua posição consistente no Conselho de Segurança que ligava um cessar-fogo à libertação dos reféns”. O governo israelense afirmou que a decisão prejudica a sua ofensiva contra o Hamas, bem como seus esforços para libertar as pessoas sequestradas durante o ataque do grupo terrorista a Israel em 7 de outubro. Estima-se que 130 reféns ainda estejam em Gaza, dos quais ao menos 30 tenham morrido.
Em entrevista coletiva, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, afirmou que as autoridades dos EUA não foram informadas sobre mudanças nos planos da visita de Israel. Ele disse que o governo americano está “ansioso” para “ter uma discussão sobre alternativas e opções para uma grande ofensiva terrestre”, uma vez que os EUA “não acreditam que uma ofensiva terrestre em Rafah seja a ação correta”. Kirby insistiu que a decisão americana na ONU não representa uma mudança de política.
— Nós fomos claros e consistentes em nosso apoio a um cessar-fogo como parte de um acordo de reféns. É assim que o acordo de reféns é estruturado — declarou Kirby. — Queríamos chegar a um ponto em que pudéssemos apoiar essa resolução, mas como o texto final não possui a linguagem fundamental que consideramos essencial, como uma condenação ao Hamas, não pudemos apoiá-lo.
O texto aprovado nesta segunda-feira foi apresentado pelos 10 membros não permanentes do Conselho. A resolução foi adotada após receber 14 votos a favor, nenhum contra e a abstenção dos Estados Unidos. O texto exige “um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadã” (período sagrado para os muçulmanos e que teve início no último dia 10) e a “libertação imediata e incondicional de todos os reféns”.
Fonte: O Globo