Irã x Israel: Piadas nas redes sociais espelham reação iraniana de minimizar ataque israelense; veja tuítes

Iranianos levantam uma bandeira e a simulação de um míssil durante uma celebração após o ataque de mísseis e drones do Irã a Israel
Iranianos levantam uma bandeira e a simulação de um míssil durante uma celebração após o ataque de mísseis e drones do Irã a Israel — Foto: AFP

As Forças de Defesa de Israel atacaram o Irã na madrugada desta sexta-feira (noite de quinta-feira em Brasília), segundo relatos de dois oficiais israelenses e três iranianos publicados pelo New York Times. Esta seria uma aparente resposta militar do Estado judeu ao ataque sem precedentes de Teerã no último sábado, que disparou mais de 300 drones e mísseis balísticos e de cruzeiro contra o território israelense. Se por um lado o escopo limitado da retaliação demonstrou, na avaliação de analistas, que há disposição para diminuir a escalada do conflito entre as duas nações, para usuários das redes sociais, foi motivo de piada.

No X (antigo Twitter), até mesmo a IRNA, a agência oficial de notícias do Irã, compartilhou um vídeo zombando da situação. “Uma postagem feita por usuários iranianos nas redes sociais com o resumo do suposto ataque de Israel ao Irã”, escreveu o veículo. Na gravação, dois homens — sendo um deles bem maior que o outro — travavam um breve e cômico confronto. A agência utilizou o termo “suposto” ao se referir sobre a origem da ofensiva porque, até o momento, autoridades de Teerã têm negado que o ataque tenha partido de Tel Aviv. Um alto funcionário iraniano disse que “a fonte estrangeira do incidente ainda não foi confirmada”, e que “a discussão tende mais para infiltração”.

Em outra publicação, um usuário escreveu: “O Irã divulgou mais vídeos do ataque de Israel. A retaliação de memes é pesada”. Nas imagens, aviões de papéis eram jogados no chão. Vista por mais de 212 mil pessoas, a postagem recebeu comentários sarcásticos. Um internauta disse: “Uau, como eles vão reparar o dano?”. Outro acrescentou: “Estamos no fim do jogo agora. A Terceira Guerra Mundial começa”. Autoridades do Irã disseram que os drones foram possivelmente lançados de dentro do país, e que seus sistemas não detectaram aeronaves em seu espaço aéreo. Também afirmaram que um grupo separado de pequenos drones foi abatido na região de Tabriz.

O vídeo de um homem praticando tiro ao alvo — e errando todos os disparos — foi publicado com a legenda: “Resposta de Israel ao Irã”. Embora os detalhes da operação ainda não estejam claros, fontes iranianas afirmaram que alvos foram atingidos nos arredores da cidade de Isfahã, a terceira mais importante do país e estrategicamente importante para o Irã, já que abriga centros de desenvolvimento militar e pesquisa, além de bases militares e instalações nucleares. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU para fiscalização de programas nucleares ao redor do mundo, o complexo atômico de Teerã não sofreu danos.

Um iraniano publicou uma montagem com dois vídeos e escreveu: “Uma celebração antiga no Irã versus o ataque de Israel em Isfahã”. Outro disse: “Então, não houve danos no ataque do Irã em Israel e, em resposta, de forma chocante, nenhum dano no ataque de Israel ao Irã”. Um perfil comentou: “Basicamente, dois amigos fazendo um show”.

Um dia depois de ter atacado Israel, o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, disse que o Irã limitou o escopo de sua ofensiva às instalações usadas durante o bombardeio atribuído ao Exército israelense contra o anexo consular da embaixada iraniana em Damasco. O ataque, ocorrido em 1º de abril, deixou 16 mortos, incluindo sete membros da força de elite iraniana. Salami, citado pela agência de notícias semioficial Tasnim, acrescentou que “o ataque [retaliatório do Irã] poderia ter sido mais extenso”. Autoridades internacionais pediram que Tel Aviv tivesse cautela ao responder.

Analistas apontaram que o ataque iraniano contra Israel foi “calibrado” para mandar uma mensagem — e não para configurar uma declaração de guerra. Da mesma forma, a réplica israelense parece seguir o mesmo sentido. Sanam Vakil, diretora do programa do Oriente Médio e Norte da África do grupo de pesquisa Chatham House, escreveu ao New York Times que, se mais ofensivas não forem registradas, a ação do Estado judeu sinaliza “uma disposição para diminuir a escalada dessa rodada perigosa”. Para ela, “o ataque a uma instalação militar parece ter correspondido ao de Teerã em termos de alvo, escopo e danos”.

À Reuters, um oficial iraniano disse que o Irã não tem um plano de retaliação imediata contra Israel. Ao amanhecer nesta sexta-feira, segundo publicado pelo Guardian, veículos de imprensa iranianos passaram a tentar tranquilizar as pessoas de que o país não enfrentou uma grande ameaça. Um âncora chegou a afirmar que tudo estava “de volta ao normal” em transmissão na Press TV, o canal de língua inglesa da emissora estatal iraniana. Em outro vídeo, que teria sido filmado em Isfahã, uma pessoa não identificada disse que não houve danos à área. Imagens mostravam ruas calmas, e os aeroportos também foram reabertos depois de um breve fechamento durante a madrugada.

— A maneira como eles apresentam [a situação] ao seu próprio povo, e o fato de que os céus já estão abertos, lhes permite decidir não responder — disse Sima Shine, especialista em Irã e ex-chefe de pesquisa do Mossad, a agência de inteligência estrangeira de Israel. — [No entanto,] cometemos tantos erros de avaliação que estou muito hesitante em afirmar isso definitivamente. (Com AFP e New York Times)

Fonte: O Globo

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