Os indígenas do Vale do Javari criaram o EVU, Equipes de Vigilância do Univaja, para tentar proteger os territórios, e essas equipes estão percorrendo toda a região com medidas de proteção e destinadas a reavivar os marcos da demarcação, ou seja, os limites da terra.
Depois dos assassinatos brutais de Bruno Pereira e Dom Phillips, os olhares se voltaram ao Vale do Javari. Mas hoje, há quase dois anos do crime, a região não tem mais a mesma atenção e os povos indígenas estão trabalhando sozinhos na defesa do território.
Na coluna do jornal impresso desta terça-feira trouxe as declarações dos líderes que eu ouvi durante quatro horas, mas quero compartilhar também minhas impressões.
Essa ausência do Estado acontece em outras terras indígenas, mas o que me chamou a atenção é o avanço das redes de criminosos mesmo numa terra demarcada há mais de vinte anos. As invasão são tanto do garimpo quanto dos mesmos grupos de pesca e caça ilegais que mataram o indigenista e o jornalista britânico. Ontem eu inclusive falei com a viúva de Bruno que estava lá na roda de conversas da qual participei com lideranças indígenas dos diversos povos. Ouvi das lideranças Kanamary, Mayoruna, Korubo, Marubo, Matis o nesmo alerta.
O que precisa é de mais Estado no Vale do Javari, assim como em outras terras indígenas. É preciso de mais proteção aos territórios indígenas, até porque eles são de todos nós. Eles são a garantia do equilíbrio na luta contra a mudança climática, têm um papel fundamental na preservação do planeta.
Fonte: O Globo