‘Inadmissível que futuros médicos ajam com tamanho desrespeito’, diz ministro da Educação sobre atos obscenos em SP

Estudantes de medicina fazem masturbação coletiva diante de jogadoras de vôlei em SP
Estudantes de medicina fazem masturbação coletiva diante de jogadoras de vôlei em SP — Foto: Reprodução

O ministro da Educação, Camilo Santana, repudiou o episódio de “masturbação coletiva” envolvendo alunos do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), em São Paulo. Os atos obscenos foram registrados em abril deste ano, mas as imagens começaram a circular no último fim de semana. Em nota, o MEC afirmou ter notificado a instituição de ensino sobre a ocorrência. A instituição afirmou, na noite de segunda-feira, que identificou e expulsou os alunos que aparecem no vídeo.

Segundo o Ministério da Educação, a Unisa foi notificada “para apurar quais as providências tomadas pela Unisa em relação aos fatos ocorridos, sob pena de abertura de procedimento de supervisão e adoção de medidas disciplinares”.

O caso, que aconteceu durante jogos universitários ocorridos em São Carlos entre 28 de abril e 1° de maio, é investigado pela Polícia Civil de São Paulo. Até o momento, a polícia apurou que os estudantes do time de futsal masculino de uma universidade invadiram a quadra e “passaram a desfilar nus logo após o time para o qual torciam vencer uma partida de vôlei feminino contra outra instituição”.

“Nos vídeos que circulam na internet, é possível ver o grupo mostrar as genitálias e, na sequência, fazer atos obscenos voltados para a quadra. Por conta do ocorrido, a Polícia Civil determinou o registou um boletim de ocorrência na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos e enviará requisições às universidades envolvidas e à Secretaria de Esportes da Prefeitura Municipal de São Carlos”, diz a nota.

Acadêmicos do curso de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, causaram revolta nas redes sociais neste domingo após terem sido flagrados fazendo uma “masturbação coletiva”. O episódio ocorreu durante uma partida de vôlei feminino que fazia parte da CaloMed, competição esportiva entre universidades realizado em abril deste ano. As imagens do episódio, no entanto, só começaram a circular ao longo do final de semana.

O Ministério das Mulheres e a União Nacional dos Estudantes (UNE) repudiaram o episódio. Em nota, publicada na noite de segunda-feira a Unisa afirmou que identificou e expulsou alunos do curso de medicina que foram gravados seminus e simulando masturbação durante um jogo de vôlei feminino. A instituição, no entanto, não informou o número exato de alunos que devem deixar a universidade.

Em algumas postagens que circulam nas redes é afirmado que o caso ocorreu durante o Intermed, outro evento esportivo de estudantes de medicina. A organização do Intermed nega e afirma que repudiar o ato.

“Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero. Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas”, disse a conta oficial do Ministério das Mulheres no X (antigo Twitter).

Nas imagens que repercutiram, cerca de 20 homens aparecem correndo na quadra com as calças abaixadas. Eles simulam uma “Volta Olímpica” enquanto tocam suas partes íntimas. Já em outro vídeo, é possível ver a presença dos estudantes em uma plateia assistindo ao jogo feminino e simulando a masturbação.

Após a repercussão do caso, o influenciador Felipe Neto foi ao X e mencionou o Ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino. “Olá, ministro. Sei que pode parecer ‘pouco’, mas não é. Que recado o país está dando ao deixar que esses alunos de medicina façam isso impunemente?”, escreveu ele.

“Isso é crime. Teremos o silêncio das autoridades por se tratarem de futuros médicos? Ou algo será feito? Confio em você”, continuou ele. Já a deputada Marina do MST (PT) afirmou que parte do time de futsal masculino da Unisa foi expulso dos jogos universitários após a masturbação coletiva.

“O ato se configura como importunação sexual e deve ser encarado com a seriedade que merece. São essas mesmas figuras que cuidarão da nossa sociedade quando formados médicos? Não por acaso, o curso da mesma faculdade é conhecido pelos trotes violentos, misóginos e hierarquizantes”, publicou ela.

A deputada estadual Laura Sito (PT-RS) também se pronunciou nas redes sociais: “No país que um 1 estupro é registrado a cada 7 minutos, um time de futsal masculino, da Faculdade de Medicina UNISA, se masturbou coletivamente durante jogo de vôlei feminino. O ato configura como importunação sexual e todos tem que ser punidos. Ser mulher é um ato de coragem!”.

Outros políticos como o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP) também repudiaram o acontecimento.

A Universidade São Camilo se manifestou pelas redes sociais.

“O Centro Universitário São Camilo – SP informa que nossa Atlética do curso de Medicina não participa do Intermed. Porém, em abril deste ano participou de outro evento esportivo chamado Calomed, quando nossas alunas disputaram um jogo contra a equipe da Unisa. Os alunos da Unisa, saindo vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra. Não foi registrada, naquele momento, nenhuma observação por parte das nossas alunas referente à importunação sexual. O Centro Universitário São Camilo apoia todos os nossos alunos e não compactua com quaisquer atos que possam atentar contra o pudor e os bons costumes”.

Nas redes sociais da instituição Unisa, internautas pressionaram um posicionamento, que só foi publicado no fim da noite de segunda. “Aguardando a expulsão do curso e o boletim de ocorrência contra esses criminosos”, escreveu uma.

“A Universidade Santo Amaro – Unisa informa que, na manhã de hoje, dia 18 de setembro, sua Reitoria tomou conhecimento de publicações em redes sociais divulgadas durante o fim de semana de 16 e 17 de setembro, contendo gravíssimas ocorrências envolvendo alunos do seu curso de Medicina.

De acordo com tais vídeos, alguns alunos, todos do sexo masculino, executaram atos execráveis, ao se exporem seminus e simularem atos de cunho sexual, durante competição esportiva envolvendo estudantes de Medicina da Unisa e de outra Universidade, realizada na cidade de São Carlos.

Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento.

Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis.

A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores.”

Fonte: O Globo

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