Homem que teve coluna fraturada por aparelho de musculação no CE volta à academia: ‘Uma luta contra meus medos’

Regilânio da Silva Inácio se recupera de lesão grave na coluna com fisioterapia diariamente e acompanhamento de profissionais
Regilânio da Silva Inácio se recupera de lesão grave na coluna com fisioterapia diariamente e acompanhamento de profissionais — Foto: Reprodução/Redes sociais

Regilânio da Silva Inácio sofreu, em agosto, uma fratura na coluna após ser atingido por um aparelho de musculação, em Juazeiro do Norte, no Ceará. Desde então, após enfrentar uma cirurgia e meses de fisioterapia, ele retornou à academia para dar continuidade ao processo de fortalecimento e à tentativa de voltar a caminhar e deixar a cadeira de rodas. Em entrevista ao GLOBO, ele relata que foi necessário enfrentar o trauma e o medo para estar naquele local novamente.

— No começo, vinha aquele filme. No dia que eu comecei, fui com muito medo mesmo, foi muito difícil. Era meu sonho voltar para academia, mas da boca para fora. Quando alguém encostava nas minhas costas, eu achava que era o equipamento caindo de novo. Estava apavorado, com a sensação de que tudo ia cair na minha cabeça. Precisei lutar contra o meu medo — revelou Regilânio.

O motorista de aplicativo sofreu o mais grave tipo de lesão na coluna vertebral: uma listese. Trata-se de um deslocamento das vértebras, o que provoca fortes dores e compromete a medula espinhal, podendo resultar na perda de movimentos. Ele se lesionou quando foi atingido pelo aparelho de musculação e passou por uma cirurgia com menos de 1% de chance de voltar a andar.

A rotina de recuperação é intensa. As sessões de fisioterapia acontecem de segunda a sexta e, aos fins de semana, quando não tem encontros com os fisioterapeutas, ele realiza os exercícios por conta própria. Acompanhado de um profissional, Regilânio também retornou ao ambiente onde sofreu o acidente, mas afirma que não conseguiu voltar à academia onde tudo aconteceu. Agora, treina em outro local, mas afirma que se nega a desistir.

— Hoje, já é diferente. A cada vez que vou, perco mais o medo. Já consigo sair da cadeira para a máquina sozinho, tenho cada vez mais força e independência — contou ele. — Mas na frente da academia onde aconteceu o acidente, eu não consigo passar. Evito estar perto porque voltam todas as lembranças.

Nas redes sociais, onde ele compartilha seu processo e rotina de recuperação, Regilânio publicou vídeos comparando sua força no tronco e nos braços antes e depois de retornar à musculação e iniciar o fortalecimento na fisioterapia. Segundo ele e a equipe que o acompanha, sua evolução disparou a partir de dezembro.

Dentre as conquistas dos últimos meses, o que Regilânio mais celebra é voltar a ter independência e domínio em tarefas do dia a dia, como mudar de posição na cama, passar dela para a cadeira de rodas, se vestir e até tomar banho sozinho.

— Minha evolução está indo muito bem. Agora, o foco na fisioterapia tem sido a adaptação a essa nova vida, é um processo muito novo para mim. O aprendizado é muito difícil. Levei quatro meses para ter essa independência — contou ele. — Hoje, já consigo ficar em pé sozinho com as órteses, deitado eu consigo arrastar a perna lateralmente. Para mim, isso é muita coisa, foi suado, trabalhei noite e dia.

Apesar da dificuldade do desafio físico, para Regilânio, a maior barreira é o mental. Diante do trauma, das mudanças e da perda de mobilidade, ele afirma que se sustenta na família para seguir em frente, sem desistir dos tratamentos e com a crença de que vai voltar a caminhar por si só.

— Mentalmente é mais complicado. Tento passar coisas boas para a minha família, alegria, para que eles não sofram. Eu saí um dia andando e voltei em uma cadeira de rodas. Nunca imaginei que ser cadeirante era tão difícil. Não conseguir fazer as coisas sozinho, ter essas limitações, pesa muito no mental — desabafou. — Mas venho tentando me fortalecer, pensando principalmente nos meus filhos. Tenho que ficar bom para cuidar deles, para não desabar, não desistir. Meu foco é voltar a andar, durmo e acordo com isso na cabeça.

O peso do aparelho, que estava com carga de 150 kg, caiu sobre as costas do Regilanio. O resultado foi uma lesão entre as vértebras T12 (fim da parte torácica) e L1 (início da parte lombar). A vértebra inferior (L1) se deslocou para trás em relação à vértebra superior (T12).

O paciente passou por um procedimento cirúrgico para realinhamento e estabilização da coluna vertebral. A cirurgia – convencional para este tipo de lesão, e não específica para este caso – consiste na colocação de placa e parafusos metálicos de titânio na área fraturada.

Além da haste encaixada na parte posterior da coluna vertebral, a cirurgia colocou 12 parafusos nas vértebras de Regilânio, conforme relatou Maria das Dores da Silva Inácio, irmã de Regilanio, em entrevista ao GLOBO.

Fonte: O Globo

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