Hamas diz que fala de Biden sobre cessar-fogo em Gaza é ‘prematura’, mas negociações continuam

Soldados israelenses durante operação em al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza
Soldados israelenses durante operação em al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza — Foto: Menahem Kahana/AFP

Após o presidente americano Joe Biden afirmar, nesta segunda-feira, que tem “esperança” de que o acordo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza seja alcançado na próxima semana, um membro do grupo terrorista Hamas disse que os comentários do democrata são “prematuros” e não correspondem à situação do terreno. Em declaração à agência Reuters nesta terça-feira, o integrante pontuou que ainda existem “grandes lacunas que precisam ser resolvidas”.

Também nesta terça, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar disse que as negociações para um cessar-fogo em Gaza ainda não tiveram avanço, mas que o país permanece “otimista e esperançoso”. A mesma fonte ressaltou que Israel e o Hamas não conseguiram chegar a um acordo sobre nenhuma das questões principais. Um oficial israelense disse não saber de onde vinha o otimismo de Biden.

Na segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos ainda afirmou que Israel concordou em interromper a ofensiva no enclave palestino durante o Ramadã, mês sagrado muçulmano, que terá início em meados de março e irá até abril. Em entrevista ao canal americano NBC, Biden disse que “houve um acordo entre os israelenses de que eles não realizarão nenhuma atividade nessa data”.

Uma fonte próxima das negociações de cessar-fogo, realizadas na última semana com representantes de Israel, Catar, EUA e Egito em Paris, afirmou à Reuters que o esboço apresentado inclui a troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses. Segundo a proposta, o Hamas deverá libertar 40 reféns, incluindo mulheres, crianças e jovens menores de 19 anos, pessoas com mais de 50 anos e doentes. Já Israel libertaria cerca de 400 prisioneiros palestinos e não os prenderia mais.

A proposta também permitiria que hospitais e padarias em Gaza fossem reparados, e que 500 caminhões de ajuda humanitária entrassem no enclave. A mudança na estratégia de negociação, que ainda não foi anunciada oficialmente, poderia ajudar a persuadir o Hamas a libertar soldados israelenses capturados em outubro. Até então, os esforços internacionais para alcançar um cessar-fogo estavam paralisados devido à recusa de Israel em libertar palestinos condenados por assassinato.

Agora, os negociadores israelenses concordaram com uma proposta dos EUA que prevê a libertação de cinco soldados israelenses em troca de 15 palestinos acusados de terrorismo, de acordo com duas autoridades com conhecimento dos esforços de mediação em andamento. Outros elementos de um possível acordo, incluindo a duração de um cessar-fogo e a demanda do Hamas por uma retirada completa das forças militares de Gaza, ainda estão em discussão.

Oficiais de inteligência israelenses acreditam que o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, tornou-se mais receptivo a um acordo que, teoricamente, permitiria apenas um cessar-fogo temporário no enclave. A esperança, porém, é a de que ele se torne permanente após ser implementado. A ideia faz parte da proposta dos EUA, que não prevê a libertação de soldados israelenses do sexo masculino.

Sete dos 35 prisioneiros civis a serem libertados seriam mulheres que Israel disse que deveriam ter sido enviadas durante o último cessar-fogo, em novembro. Para a libertação dessas mulheres, Israel indicou que 21 palestinos também fossem soltos. Para cada homem civil com idade igual ou superior a 50 anos, seis palestinos seriam libertos. Se o refém estiver doente ou ferido, este número sobe para 12.

Já para cada uma das cinco soldados israelenses em cativeiro, o governo israelense liberaria três prisioneiros que acreditam ser responsáveis por ataques importantes, além de outros 15. Esta não seria a primeira vez em que trocas desiguais ocorreriam: em 2011, Israel libertou mais de mil prisioneiros palestinos para garantir a liberdade de um único soldado capturado. (Com AFP e New York Times)

Fonte: O Globo

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