Haley deixa corrida presidencial sem declarar apoio a Trump em disputa com Biden: ‘Nunca siga a multidão’

Nikki Haley perde primária de Nevada
Nikki Haley perde primária de Nevada — Foto: Allison Joyce/AFP

A ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, anunciou nesta quarta-feira que deixou a corrida pela candidatura republicana à Presidência, abrindo caminho para a nomeação do ex-presidente Donald Trump, que acumulou vitórias em todo o país durante a Super Terça, como candidato republicano na disputa de novembro contra o presidente democrata Joe Biden. Em discurso, Haley agradeceu aos seus apoiadores e disse que o objetivo da sua candidatura era fazer com que “os americanos tivessem suas vozes ouvidas”:

— Mesmo que eu não seja mais candidata, eu não vou parar de usar minha voz para as coisas que acredito — afirmou, elencando uma série de problemas atuais do país, entre eles o “Congresso disfuncional” que “está cheio de seguidores, não de líderes”.

Sobre Trump, Haley desejou o melhor ao adversário, mas indicou que não apoiará sua campanha daqui para frente, na contramão da tradição do partido.

— Eu sempre fui uma republicana conservadora e sempre apoiei o candidato republicano — disse, acrescentando, em seguida, uma citação da ex-primeira-ministra do Reino Unido e ícone conservador Margaret Thatcher. — Mas sobre esta questão [do apoio]… Margaret Thatcher deu um bom conselho quando disse “nunca apenas siga a multidão, sempre decida por si mesmo”. Agora cabe a Trump conquistar os votos no nosso partido, principalmente de quem não o apoia. Eu espero que ele consiga isso.

Haley, que foi embaixadora dos Estados Unidos na ONU durante o governo Trump, foi a última candidata a ser derrotada pelo ex-presidente nas primárias, dominadas por ele do início ao fim: o republicano venceu em 14 dos 15 estados em jogo na Super Terça, sendo Vermont a exceção. No domingo, ela chegou a vencer as primárias do partido em Washington D.C., até então sua primeira vitória na corrida pela indicação.

Com cenário favorável para Trump, muitos rivais desistiram no meio do caminho. Haley, de 52 anos, foi a única que ficou. Ela defendia sua posição afirmando que o país “não sobreviveria a mais quatro anos do caos de Trump”. A ex-governadora prometia restaurar alguma “normalidade” e pedia aos conservadores que escolhessem “uma nova geração de líderes”. Para ela, jogar a toalha seria “a saída mais fácil”.

Por meses, Haley tentou retratar Trump como caótico, envelhecido e mentalmente instável, incapaz de respeitar veteranos ou membros do serviço e relutante em ser fiel à Constituição. Ainda assim, ela não foi capaz de afrouxar suficientemente o controle do ex-presidente sobre o partido. Em vez disso, ela absorveu derrota após derrota, incluindo em seu próprio estado natal no final do mês passado.

Primeira mulher a governar a Carolina do Sul — e primeira não branca a ocupar o cargo —, Haley foi também a primeira pré-candidata republicana a se apresentar para concorrer à vaga do partido na disputa pela Casa Branca, em fevereiro do ano passado. Ela tentou se consolidar como uma opção de renovação dentro do partido, ao mesmo tempo em que buscou convencer o eleitorado geral de que estava preparada para ser a primeira mulher a presidir o país.

Donald Trump já afirmou, em sua rede social, que Haley “não desperta entusiasmo” e “não mobiliza multidões”. O magnata de 77 anos procura focar em uma revanche com o atual presidente dos EUA, Joe Biden, antes de enfrentar seus problemas legais. Segundo uma contagem da AFP, Trump já passou nove dias nos tribunais, embora tenha aproveitado para fazer campanha em sua entrada ou saída.

Seu primeiro julgamento penal começa em 25 de março em Nova York. Do lado democrata, Biden, de 81 anos, se apresenta à reeleição sem nenhum rival de peso. As candidaturas de dois democratas que se arriscaram na disputa, o congressista Dean Phillips e a autora de livros de autoajuda Marianne Williamson, não despertaram entusiasmo, apesar das críticas recorrentes dos eleitores à idade do presidente. (Com AFP).

Fonte: O Globo

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