Guerra em Gaza: ONU diz que são necessários 14 anos para remover escombros e munições não detonadas

Destruição em Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza
Destruição em Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza — Foto: AFP

Pouco mais de uma década. Este é o tempo necessário para remover a grande quantidade de escombros, incluindo munições não detonadas, deixados ao longo dos quase sete meses de guerra Faixa de Gaza, informou o oficial sênior do Serviço de Ação contra Minas das Nações Unidas (UNMAS) nesta sexta-feira. Pehr Lodhammar, durante um briefing em Genebra, estima que o conflito em Gaza deixou 37 milhões de toneladas de detritos no estreito território, onde habitam 2,2 milhões de pessoas.

O oficial, citado pela Reuters, afirmou que geralmente a taxa de falha de munições em serviço terrestre é de “pelo menos 10%”. Ele disse que não é possível indicar o número exato de equipamentos não detonados, mas as projeções mostram que levariam 14 anos para limpar as ruínas, incluindo aquelas de edifícios destruídos em bombardeios israelenses.

— Estamos falando de 14 anos de trabalho com 100 caminhões — destacou.

Segundo uma nova análise divulgada pela BBC no fim de janeiro, mais da metade dos edifícios no enclave palestino foram danificados ou destruídos desde outubro, quando o Hamas lançou um ataque terrorista contra o sul de Israel, deixando cerca de 1,2 mil mortos e mais de 240 reféns. Por todo o enclave, as áreas residenciais, centros comerciais, universidades, terras agrícolas e hospitais foram destruídos. O relatório da City University of New York aponta que entre 144 mil e 175 mil edifícios foram danificados ou destruídos em toda Gaza, o corresponde a uma taxa entre 50% e 61% das construções do enclave.

E à medida que as forças israelenses descem em direção ao sul, deixam para trás um rastro de destruição: em Khan Younis, última cidade tomada como alvo das incursões do Exército, mais de 38 mil edifícios foram danificados, alguns usados para abrigar deslocados. O próximo alvo é Rafah, cidade no extremo sul que, segundo o governo israelense, mantém o “último bastião do Hamas”.

As Forças Armadas de Israel, quando questionadas pela rede britânica sobre os danos, afirmaram que têm como alvo os combatentes do Hamas e sua “infraestrutura terrorista”.

— Fizemos esse trabalho na Ucrânia, também analisamos Aleppo e outras cidades, mas a extensão e o ritmo dos danos são notáveis. Nunca vi tantos danos aparecerem tão rapidamente — observou Corey Scher, um dos acadêmicos que trabalhou no relatório.

A destruição deu lugar as tendas de cor clara dos acampamentos construídos no sul, para onde o Exército instou o deslocamento dos civis, sob a alegação de que eram áreas seguras. Segundo o relatório, imagens aéreas capturadas entre 3 de dezembro e 14 e janeiro mostram que as áreas de novas tendas cobrem agora cerca de 3,5 quilômetros quadrados em uma área no noroeste da cidade de Rafah.

Apesar de abordar uma limpeza em um suposto pós-guerra, o conflito segue intenso na Faixa de Gaza. Já são mais de 34,3 mil mortos no enclave, e uma região antes densamente povoada e urbanizada reduzida a escombros. Só nesta sexta-feira, mísseis disparados de um jato israelense atingindo a cidade de Gaza na sexta-feira, matando pelo menos três pessoas no bairro de Rimal, segundo um repórter da AFP.

— Eu estava sentado vendendo cigarros e de repente um míssil caiu, sacudindo toda a área — disse à AFP uma testemunha, sob condição de anonimato, acrescentando que os corpos retirados foram de um homem, uma mulher, e uma menina.

Fonte: O Globo

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