Grupos pró-ucranianos anunciam tomada de território após ataque a regiões na fronteira com a Rússia; Moscou nega avanço

Prefeitura de Belgorod, na Rússia, é danificada após ataque de drones no território
Prefeitura de Belgorod, na Rússia, é danificada após ataque de drones no território — Foto: AFP

Pelo menos dois grupos armados pró-ucranianos, alegadamente compostos por russos contrários ao Kremlin, anunciaram o lançamento de uma incursão transfronteiriça e a tomada de um território russo próximo à fronteira nesta terça-feira. A Legião da Liberdade para a Rússia e o Batalhão Siberiano divulgaram os ataques nas redes sociais. Moscou negou o avanço na região, afirmando que suas forças impediram as ofensivas e “infligiram pesadas perdas aos atacantes”.

O Ministério da Defesa russo disse que “formações terroristas” ucranianas apoiadas por tanques e veículos de combate blindados tentaram invadir em três direções separadas a região de Belgorod, na Rússia, por volta das 3h no horário local (21h de segunda em Brasília). Sem apresentar evidências, o Exército russo afirmou que “dezenas” de soldados ucranianos foram mortos, e que quatro tanques de “grupos de sabotagem” foram repelidos cinco horas depois na região de Kursk.

Na sequência, a Legião da Liberdade para a Rússia afirmou ter assumido o controle de uma vila russa próxima à fronteira ucraniana. Em comunicado, o grupo escreveu: “Cruzamos a fronteira. A vila de Tetkino, em Kursk, está totalmente sob controle das forças de libertação russas. O Exército de Putin está saindo rapidamente da vila, deixando para trás posições e armas pesadas”. Alexei Baranovski, representante da Legião, disse que as forças russas perderam “vários veículos blindados”.

O governador russo da região, Roman Starovoit, confirmou o ataque e relatou que houve um ferido leve, embora tenha negado qualquer avanço por parte dos atacantes no território. Ainda não há informações sobre quantas pessoas foram mortas ou feridas em todas as ofensivas. Moscou afirmou ter usado aviação, mísseis e artilharia para repelir os grupos.

Andriy Yusov, porta-voz da inteligência militar ucraniana, disse à imprensa local que os grupos não agem sob ordem de Kiev, mas de maneira independente, e que o Corpo de Voluntários Russos também participou da operação. Ele acrescentou que os ataques mostram que “o Kremlin, mais uma vez, não controla a situação na Rússia”.

Também nesta terça-feira, a Ucrânia bombardeou alvos na Rússia com pelo menos 25 drones e nove foguetes. A ofensiva causou incêndios em uma série de refinarias de combustíveis, cortando a eletricidade fornecida nas regiões afetadas. Fontes da indústria disseram à agência Reuters que a principal unidade de destilação de petróleo bruto da LUKoil foi danificada, o que significa que pelo menos metade da produção da refinaria foi interrompida. A empresa não quis comentar.

Por outro lado, Moscou garantiu que suas forças conquistaram a cidade de Nevelske, na região de Donetsk, na Ucrânia. O anúncio ocorre um dia após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter assegurado que “o avanço da Rússia foi travado” no leste, e que a situação atual é “bem melhor” do que a de três meses atrás.

No mesmo dia, um avião de carga militar Ilyushin Il-76 russo caiu com 15 pessoas a bordo na região de Ivanovo, a nordeste de Moscou. A queda teria ocorrido após um dos motores ter pegado fogo durante a decolagem, informou o Ministério da Defesa da Rússia, embora ainda não se saiba o que tenha provocado o incêndio. Este é o segundo acidente envolvendo um Il-76 desde o início do ano — o primeiro ocorreu em janeiro, quando a aeronave transportava prisioneiros de guerra.

Os incidentes mais recentes ocorrem três dias antes do início da votação nas eleições presidenciais russas, nas quais Vladimir Putin deverá prolongar o seu mandato por mais seis anos.

Fonte: O Globo

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