A Venezuela não é mais uma democracia há muito tempo. A denúncia feita pela oposição, nesta segunda-feira, de que não conseguiu registrar sua candidata , Corina Yoris, substituta do principal nome da oposição, María Corina Machado, tornada ilegível, é mais um entre tantos atentados feitos pelo governo Nicolás Maduro contra as eleições livres.
E o governo brasileiro precisa se posicionar e admitir que a Venezuela não é mais uma democracia, que não é desse jeito se fazem eleições livres. Esse processo, aliás, sequer pode ser chamado de eleição. Espero que essa realidade passe a ser refletida nas notas do Itamaraty.
O governo Lula está se enganando ao acreditar que pode influenciar positivamente o governo venezuelano nesse aspecto. Alias, o Acordo de Barbados, no qual Maduro afiançou eleições livres no país, foi para enganar. O presidente venezuelano, na verdade, só ganhou tempo.
O que aconteceu ontem é absurdo. Criar impedimento para o registro de uma candidatura. E a oposição mostrou isso ao vivo para a imprensa.
O atentado à democracia é uma prática do Chavismo desde o começo. A tomada de instituições é flagrante, começando do Comissão Nacional Eleitoral, que corresponde ao Tribunal Superior Eleitoral deles, como mostrou a denúncia. E isso não vem desde 2002. Fizeram o mesmo com o Judiciário e assim foram dominando as instituições e fazendo a perseguição sistemáticas a todos que representem ameaça a esse governo totalitário.
O movimento desta segunda-feira é ainda um sinal de quão fraco está Maduro, que ele se sente ameaçado por Corina Yoris, que sequer é uma política, mas uma filósofa, de 80 anos idades, desconhecida do público, que foi alçada a candidata diante da inelegibilidade do mais forte nome da oposição para enfrentar Maduro nas urnas, María Corina. Agora é aguardar que o posicionamento do governo brasileiro reflita a verdade dos fatos.
Fonte: O Globo