Governo federal pede investigação sobre morte de senegalês em SP

Silvio Almeida
O ministro Silvio Almeida (foto) disse que as circunstâncias da morte são suspeitas e que a operação teria ocorrido sem mandado judicial

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania pediu nesta 3ª feira (30.abr.2024) que a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado São Paulo) investigue a morte do senegalês Serigne Mbaye, de 36 anos. Ele morreu durante uma operação da Polícia Militar na região central da capital paulista, no dia 23 de abril.

Segundo registros da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do MDHC, as razões que levaram Mbaye a óbito são consideradas suspeitas. Ainda de acordo com as denúncias, a ação policial teria ocorrido sem mandado judicial de busca e apreensão, o que resultou em questionamentos sobre o uso da força pelos agentes de segurança, que utilizaram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os moradores”, escreveu o ministro Silvio de Almeida em uma rede social nesta 3ª feira. O pedido foi enviado à SSP-SP no sábado (27.abr).

Almeida disse ainda que determinou à ouvidora nacional de Direitos Humanos, Luzia Cantal, o acompanhamento e monitoramento do caso e a tomada de providências para a correta apuração sobre os procedimentos adotados pelos oficiais que, “ao entrarem no edifício sem autorização judicial, desrespeitaram a Constituição Federal e agiram de forma violenta contra os residentes”.

Serigne Mbaye, conhecido como Talla, morreu após cair do 6º andar de um prédio, durante uma ação de policiais que, em 23 de abril, entraram na construção sem autorização judicial. Segundo relatos de senegaleses que testemunharam o fato, os policiais entraram no prédio da Rua Guaianazes e abriram várias portas de apartamentos até chegarem à casa de Mbaye. Quando a vítima percebeu que os policiais estavam forçando e que abririam a porta, ele correu para a janela.

O outro rapaz esperou um pouco, a polícia entrou, mobilizou ele, e foi atrás do Talla. E aí esse é o momento que a gente não sabe exatamente o que aconteceu, mas que todos os senegaleses que estavam lá [no ato] estão me dizendo que não tinha nenhuma dúvida que o Talla jamais se jogaria e jamais se colocaria em risco a ponto de cair, porque ele tem 2 filhos e porque essa é uma situação mais ou menos corriqueira [na região]”, declarou à Agência Brasil a antropóloga Amanda Amparo.

O ato a que Amanda se refere é uma manifestação feita em 25 de abril, na qual os participantes pediram a investigação e punição dos policiais militares envolvidos na morte do imigrante. Segundo os manifestantes, a perseguição aos imigrantes senegaleses na região central é recorrente. Eles rebatem a versão de que o senegalês estivesse envolvido em algum crime.

Eles estão sendo muito perseguidos já, muito antes desse fato acontecer, eles já vinham sendo muito perseguidos pela polícia. Há muitas semanas, a polícia está invadindo o prédio, subindo de maneira bem aleatória, procurando os apartamentos, abrindo as portas, invadindo alguns apartamentos”, afirmou a antropóloga que esteve no ato e recebeu relatos de familiares e pessoas próximas à vítima.

É importante que se levante o problema, até porque o medo deles é que outros senegaleses sejam mortos”, alertou a antropóloga.

Em nota, a SSP informou que “policiais militares faziam o patrulhamento no local [rua Guaianases] e constataram que, em um prédio na região, era realizado o comércio de celulares roubados. Em diligências, os policiais viram um homem com diversos celulares, no 6° andar e deram ordem de parada ao suspeito, que desobedeceu, mas foi detido”.

Com o homem, teriam sido apreendidos 44 celulares e mais 8 aparelhos eletrônicos, no entanto, a SSP não respondeu se os equipamentos eram resultados de roubo ou furto. O rapaz foi liberado pelo delegado. Segundo a SSP, “um 2º homem tentou fugir pulando pela marquise do prédio”, mas morreu depois de cair. O caso foi registrado como receptação, desobediência e morte acidental no 2° DP (Bom Retiro).

Com informações daAgência Brasil

Fonte: Poder360

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