Governo do Rio Grande do Sul vai pedir adiamento de Enem dos Concursos por causa das chuvas

Áreas alagadas no Rio Grande do Sul vistas de helicóptero da FAB que presta apoio e faz resgates
Áreas alagadas no Rio Grande do Sul vistas de helicóptero da FAB que presta apoio e faz resgates — Foto: FAB / Divulgação

Em função da situação de calamidade no estado, que já resultou em 10 mortes, o governo do Rio Grande do Sul pedirá o adiamento do Enem dos Concursos, a se realizado em todo o país no domingo (5). O governador, Eduardo Leite, afirmou que não há condições para realização da prova.

— Vamos recomendar ao governo federal (pedido para adiamento). Esse concurso ficou completamente inviabilizado para a população gaúcha nesse final de semana. Vamos pedir alguma solução, não sei avaliar qual. Mas tenho confiança que terá uma solução — disse o governador.

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Ao fazer um balanço das chuvas que mataram ao menos 10 pessoas no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que a tragédia “será o maior desastre que nosso estado já tenha enfrentado”. Em entrevista coletiva no final da tarde desta quarta (1), o governador explicou que o agravante em relação às tempestades do ano passado é que, dessa vez, a chuva afeta uma região maior e não deu trégua para o trabalho de resgates. Leite ainda classificou o cenário como uma situação de “guerra”, e por isso pediu ajuda das Forças Armadas.

— Estamos atravessando o que deverá ser o maior desastre do nosso estado. É um momento muito crítico, absolutamente fora do normal — afirmou Leite, que lamentou as 10 mortes já registradas, mas admitiu que “infelizmente esse número tende a aumentar muito”. — Ano passado tivemos enxurrada, mas em seguida o tempo nos deu condição de entrar em campo e salvar centenas de vidas. Já nesse momento estamos tendo muitas dificuldades para colocar equipes em campo.

Eduardo Leite explicou que há 65 pedidos de resgate já mapeados e georrefenciados, mas em muitos casos há dificuldades de acesso por terra devido às estradas bloqueadas e rios transbordando, além da chuva permanente que inviabiliza muitos voos. Os helicópteros prometidos pelas Forças Armadas estão com dificuldade de chegar, afirmou o governador, e inclusive dois tiveram que parar em Santa Catarina.

Leite disse que falou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ele deve visitar o Rio Grande do Sul nesta quinta (2). As aulas foram suspensas em todo o estado até sexta-feira, acrescentou Leite, que pediu ajuda das Forças Armadas não só como apoio, mas na coordenação da operação, porque a situação no estado “é um cenário de guerra”.

— Agora há pouco consegui falar com presidente Lula e pedir mais do que o apoio do governo federal e das Forças Armadas a efetiva participação e liderança daqueles que tem treinamento para situação de caos e guerra. É situação de guerra nesses municípios, com estradas rompidas, deslizamentos — disse Leite, que ainda agradeceu o apoio de outros estados, como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.

O governo do Rio Grande do Sul já realizou 913 resgates de atingidos pelas chuvas nesta semana, acrescentou Leite.

— Vão aumentar muito nos próximos dias — previu o governador. — Os números são muito preliminares. A crise está em curso, ainda chove muito.

As chuvas atingiram principalmente a região central do estado. Há cerca de 30 municípios em situação grave neste momento, explicou o governador e sua equipe. Nessas cidades, Leite pediu que a população deixe urgentemente as suas casas, se estiverem em área de risco, e procurem abrigos. Com as cheias dos rios, em especial nos Vales do Sinos, do Caí e do Taquari, na direção do oeste, a situação deve impactar a Região Metropolitana de Porto Alegre no final de semana, projeta o governo.

O governador também fez um apelo para que as pessoas ainda não iniciem mobilizações por doação, pelas dificuldades ainda impostas pela chuva

— Temos alimentos em quantidade suficiente para abrigos, água mineral, bastante estoque. Não se coloquem em situação de risco para ajudar com doações nesse momento. Primeiro precisamos esperar que o tempo se acomode. Embora toda solidariedade seja bem vinda, ela terá o momento para acontecer logo mais à frente.

Em relação aos gastos necessários, Eduardo Leite respondeu que não haverá restrições orçamentárias nesse momento. Segundo o governador, há recursos em caixa para as operações de resgate.

— Não dá para se condicionar a decreto, ofício. Tem que salvar a vida das pessoas, sem restrição orçamentária. — afirmou Leite, que disse que apoio do governo federal será necessário em um segundo momento. — Depois a gente vai precisar de apoio para reconstrução de estradas, casas, municípios vão precisar. Será um investimento fenomenal para reconstrução dessas localidades atingidas. E tenho confiança que não faltará apoio do gov federal.

Eduardo Leite destacou atenção especial à situação das barragens, que estão sendo monitoradas. Já há a confirmação de uma situação de risco:

— Localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, a Barragem 14 de Julho sofre um risco real de rompimento, alertou o governador.

Com a alta vazão do Rio das Antas, a Companhia Energética do Rio das Antas pediu a retirada das pessoas que moram nas proximidades.

— Caso continuem as chuvas podemos ter rompimento — admitiu Leite.

Fonte: O Globo

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