Em meio ao impasse sobre a sucessão no comando da Vale, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a citar a empresa em um discurso público.
Ele afirmou nesta quinta-feira que o governo vai fechar um acordo com a mineradora Vale para o pagamento de indenizações a vítimas de desastres ambientais em negócios da empresa, que deixaram centenas de mortos.
– A coisa vai ser tão boa que vamos conseguir fazer, logo logo, um acordo com a Vale para ela poder pagar o que deve ao Espírito Santo e a Minas Gerais, ao povo de Brumadinho e ao povo de Mariana – disse Lula, em evento no Palácio do Planalto.
O presidente não deixou claro a qual dívida ele se referia, mas em janeiro a Justiça Federal condenou a mineradora Samarco, sendo a Vale uma das acionistas, a pagar R$ 47,6 bilhões para reparar os danos morais coletivos pelo rompimento da barragem em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015. A lama desceu pelo Rio Doce e atingiu o mar no Espírito Santo, prejudicando diversas cidades e pescadores locais.
Além disso, a mineradora ainda responde processos judiciais pelos prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 2019, levando à morte de mais de 270 pessoas.
A Vale afirma que, em Mariana, já existem negociações para fechar acordo no primeiro semestre. Foram R$35,08 bilhões para ações de reparação e compensação ambiental, a cargo da Fundação Renova. A empresa diz que também já atingiu 69% do no Acordo de Reparação Integral de Brumadinho, fechado em 2021, que prevê um total de R$37,7 bilhões. Foram 15,4 mil pessoas atendidas pelos acordos.
A mineradora disse ainda que já foram eliminadas 13 estruturas a montante, 43% do total de 30 previstas para serem eliminadas. A Vale prevê que nenhuma estrutura de nível 3 de emergencial estará ativa até 2025.
Lula voltou a mencionar a Vale em um discurso uma semana depois de ter dito em uma entrevista que a companhia “precisa prestar contas ao Brasil” e não pode agir como “dona” do país.
A pressão de Lula sobre a Vale tem aumentado nos últimos meses, em meio a um impasse no processo de sucessão no comando da mineradora.
Após sua frustrada tentativa de indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a presidência da Vale, uma nova ofensiva foi desencadeada pelo governo para tentar emplacar um nome alinhado ao Planalto no cargo de CEO da empresa, que foi privatizada na década de 1990.
Fonte: O Globo