Governo da Alemanha nega que cão salsicha vá ser banido do país e explica projeto de lei

Associação de criadores diz que raça Daschund pode desaparecer da Alemanha se projeto de lei for aprovado
Associação de criadores diz que raça Daschund pode desaparecer da Alemanha se projeto de lei for aprovado — Foto: Reprodução

A principal associação de criadores de cachorros da Alemanha alertou, esta semana, que cachorros da raça Daschunds — conhecidos como “cães salsicha” — poderiam desaparecer do país se um projeto de lei protocolado em fevereiro fosse aprovado. “Denunciado” pela Associação Alemã de Canis (VDH), o caso gerou comoção na imprensa local e repercutiu pelo mundo, em meio ao debate sobre práticas cruéis na criação de animais.

A VDH afirmou temer que o projeto de lei leve ao banimento do cão salsicha, já que as pernas curtas e a coluna alongada poderiam desenvolver problemas nos joelhos, quadris e costas. A preocupação se estendeu a outras raças, como buldogues ou pugs, conhecidos por ter dificuldades respiratórias. Diante da repercussão, o governo alemão negou à BBC qualquer veto a esses bichos.

— Nenhuma raça de cães será proibida — disse à rede britânica um porta-voz do Ministério da Agricultura. — Queremos evitar que os criadores deformem tanto os cães, que eles sofram.

O ministério destacou que a mudança na legislação é necessária já que as raças de cães estão em constante desenvolvimento. Com isso, correm o risco de apresentar características “cada vez mais extremas”. O objetivo seria evitar a criação de animais com “características específicas” que prejudiquem a saúde e o bem-estar dos bichos.

— Só porque as pessoas acham algo novo ou esteticamente agradável, os animais não deveriam ser atormentados — disse o porta-voz da pasta. — Sempre haverá cachorros-salsicha. Mas nós nunca veremos [após a aprovação do projeto] nenhum com pernas de um centímetro de comprimento.

O projeto de lei faz parte de uma reforma da legislação alemã de proteção animal. Segundo o Ministério da Agricultura alemão, a nova lei visa a combater práticas como as relativas às “características reprodutivas que infligem ‘dor, sofrimento e danos’ às gerações futuras”.

“O projeto lista várias características de doenças que podem levar à proibição da criação de cães saudáveis. Infelizmente, muitas das características mencionadas são vagas e ambíguas. Isto deixa muito espaço para interpretação, o que acarreta o risco de interpretações incorretas ou exageradas”, diz a VDH em uma nota divulgada em seu site oficial.

Animais já existentes poderiam ser mantidos, mas não seriam autorizados a procriar nem seriam exibidos em mostras ao público.

Ainda segundo a organização, a nova legislação pode provocar “grande incerteza jurídica” entre autoridades, criadores, veterinários e donos de cães. A VDH anunciou uma petição online contra a lei.

“As características ‘anomalias do sistema esquelético’ listadas na lei poderiam ser interpretadas como uma proibição da reprodução de qualquer desvio significativo de tamanho (…) Este termo pode, por exemplo, ser atribuído ao comprimento das pernas de Dachshunds e outras raças de cães pequenos”, diz a associação, que cita ainda Beagle, Terrier e Schnauzer como outras raças ameaçadas pela lei.

Fonte: O Globo

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