Forças de segurança do Irã alegam ter frustrado ‘ataque’ contra pai de Mahsa Amini, um ano após sua morte

Iranianos vão às ruas protestar no dia de aniversário de morte de Mahsa Amini, jovem curda assassinada no ano passado
Iranianos vão às ruas protestar no dia de aniversário de morte de Mahsa Amini, jovem curda assassinada no ano passado — Foto: Dimitar DILKOFF / AFP

Forças de segurança do Irã prenderam neste sábado pessoas que queriam assassinar o pai de Mahsa Amini, cuja morte, ocorrida há exatamente um ano, desencadeou um intenso movimento de protesto no país, informou a agência de notícias oficial Irna. Mahsa, uma jovem curda iraniana de 22 anos, morreu em 16 de setembro de 2022, sob custódia da polícia, após uma suposta violação do código de vestimenta imposto às mulheres no Irã. Sua morte provocou semanas de protestos contra o regime.

“As forças de segurança prenderam membros de um grupo terrorista que queria assassinar Amjad Amini, pai de Mahsa Amini”, indicou a agência, que citou o vice-governador da província do Curdistão (oeste), Mehdi Ramezani. O ataque foi evitado, acrescentou, sem dar detalhes sobre o grupo.

A agência Irna relatou que a tentativa de ataque ocorreu enquanto Amjad Amini visitava o túmulo de sua filha, em um cemitério na cidade de Saghez, província do Curdistão.

O ataque ocorreu depois que Amjad foi preso brevemente por autoridades iranianas, que impediram que a família de Mahsa organizasse uma cerimônia de homenagem para lembrar um ano da morte da jovem, segundo denúncias de grupos de direitos humanos. Após a sua libertação, as autoridades alertaram o pai para não realizar a cerimônia no túmulo da filha, relataram ONGs.

Amjad está impedido de sair de sua casa em Saqez, cidade natal de Mahsa, na província do Curdistão, e agentes de segurança estão estacionados no lado de fora, acrescentaram as organizações em diversas publicações.

Por sua vez, uma das prisioneiras mais conhecidas do Irã, Narges Mohammadi, uma ativista dos direitos humanos, e três outras detentas queimaram véus no pátio da prisão de Evin, em Teerã, para lembrar o aniversário de morte de Amini.

A morte de Mahsa desencadeou uma grande onda de protestos no país, que durou semanas. Durante as mobilizações, muitas mulheres retiraram os véus islâmicos, num gesto de desafio às autoridades. As mobilizações após a morte perderam força ao longo dos meses, devido à repressão que causou a morte de 551 manifestantes, incluindo 68 crianças e 49 mulheres, e a prisão de mais de 22 mil pessoas, segundo a Anistia Internacional. Sete homens foram executados por casos ligados a essas manifestações.

Os ativistas afirmam que a repressão se intensificou com a aproximação do aniversário de morte de Amini, dirigida especialmente às pessoas próximas das vítimas da repressão, para silenciá-las.

A ONG Human Rights Watch indicou que familiares de pelo menos 36 pessoas assassinadas ou executadas foram interrogados, detidos, perseguidos ou condenados à prisão no último mês.

Fonte: O Globo

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