Flávio Bolsonaro vai acionar Conselho de Ética do Senado contra Kajuru

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entrará com uma representação contra o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) na Comissão de Ética por causa da divulgação do áudio de uma conversa que teve com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL.

A expectativa é que Flávio protocole a representação ainda hoje. O filho de Jair Bolsonaro alegará que Kajuru quebrou o decoro parlamentar ao divulgar uma conversa que teve por telefone com o presidente.

Ontem, Kajuru divulgou uma gravação na qual Jair Bolsonaro dá a entender que, se houver pedidos de impeachment contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), a instalação da comissão para apurar combate da pandemia pelo governo federal pode ser interrompida. O presidente também cobrou que a CPI, se instalada, trabalhe para apurar a atuação de prefeitos e governadores.

Mais cedo, Bolsonaro reclamou da divulgação do diálogo pelo senador, mas disse que não se importava na publicação todo o conteúdo da conversa. Em um trecho não divulgado ontem por Kajuru, Bolsonaro diz que vai ‘sair na porrada’ com Randolfe.

A conversa

A conversa por telefone alvo de polêmica foi divulgada pelo próprio senador Kajuru em suas redes sociais. Nela, Bolsonaro dá a entender que, se houver pedidos de impeachment contra ministros do STF, pode ocorrer mudanças nos rumos sobre a instalação da comissão, determinada na última semana por decisão do ministro Luís Roberto Barroso. Nesta semana, o Plenário da Corte irá analisar o tema.

“Você tem de fazer do limão uma limonada. Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment (de ministros) também”, disse Bolsonaro ao senador. “Sabe o que eu acho que vai acontecer, eles vão recuperar tudo. Não tem CPI… não tem investigação de ninguém do Supremo”, disse Bolsonaro, durante a conversa. Kajuru respondeu que já tinha entrado com pedido de afastamento do ministro do STF Alexandre de Moraes, ao que Bolsonaro respondeu: “Você é 10”.

O presidente também cobrou que a CPI, se instalada, trabalhe para apurar a atuação de prefeitos e governadores. Segundo Kajuru, a conversa com Bolsonaro foi feita no sábado, 10. “Nós dois estamos afinados. CPI ampla e investigar ministros do Supremo. Ponto final”, disse Bolsonaro ao senador.

No dia seguinte, Bolsonaro acusou Barroso de “militância política” e cobrou que o ministro mandasse abrir análises de pedidos de impeachment de ministros do STF no Senado, afirmando que há “milhões de assinaturas” da população para este tipo de análise. O governo Bolsonaro trabalha para enfraquecer a CPI, investigar prefeitos e governadores na mesma comissão e desgastar ministros do STF com a tramitação de pedidos de impeachment no Congresso.

“A CPI hoje é para investigar omissões do governo Bolsonaro, ponto final. Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai só vir pra cima de mim. Tem que mudar a amplitude dela”, comentou Bolsonaro. “Se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir (o ex-ministro da Saúde Eduardo) Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana.”

Na ligação, Bolsonaro também atribuiu o número de mortes da covid-19 à suposta omissão de prefeitos e governadores, ignorando que ele mesmo boicota medidas que dão certo contra o vírus, como o distanciamento social e o uso de máscaras. “A questão do vírus, não vai deixar de morrer gente, infelizmente, no Brasil. Poderia morrer menos gente se os governadores e prefeitos que pegassem recursos e aplicassem realmente em postos de saúde, hospital”, afirmou Bolsonaro.

Com informações da Estadão Conteúdo

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