Vizinhos da brasileira Maria Batista Ferreira, de 52 anos, morta a facadas na Itália em um caso de feminicídio, abriram uma vaquinha para custear a viagem da filha da vítima ao país, onde acontecerá o funeral da mulher. Vittorio Pescaglini, de 55, ex-marido da brasileira e autor do crime, se entregou à polícia após o crime.
A vaquinha já bateu € 2500, valor necessário para pagar a viagem e a estadia de Gianini Batista Ferreira Monte. Segundo o jornal italiano La Nazione, a filha da brasileira deve chegar ao país nos próximos dias e será recebida por membros do consulado brasileiro. Ela deverá ficar na casa de uma amiga da mãe. O funeral de Maria Batista Ferreira será na comuna Fornaci di Barga, na província da Toscana.
“Maria era também brasileira e minha vizinha aqui em nossa cidade, por esta razão me coloquei à disposição ajudar e dar o suporte a sua filha Gianini, que me autorizou a fazer esta campanha de arrecadação (…) Hoje nos unimos em uma campanha online para ajudar Gianini, uma jovem brasileira que enfrenta uma dor imensurável”, diz a publicação no portal Go Fund Me, feita por Douglas Roque, vizinho da vítima.
Depois de 20 anos de casados, Maria Batista e Vittorio Pescaglini estavam se separando. No dia 27 de fevereiro, estava previsto a audiência para assinatura dos papéis do divórcio. Por conta da separação, a vítima estava morando em um hotel próximo ao local do crime. Ela tinha uma filha de um relacionamento anterior.
Vittorio Pescaglini morava em Fabbriche di Vergemoli. Ele trabalhou por muitos anos em uma cooperativa de serviços na região. Ele a teria seguido de carro até o local, descido do veículo e cometido o assassinato.
Logo após o crime, equipes de socorro foram acionadas, mas Maria Ferreira não resistiu. Pescaglini fugiu, e segundo jornais locais, mandou uma mensagem para um amigo, afirmando que fez uma “besteira”. Logo depois, ele compareceu a delegacia para se entregar. O autor foi detido sob a acusação de homicídio e encaminhado à prisão de Lucca, onde foi interrogado durante a noite.
A prefeita Caterina Campani lamentou: “Consternação, raiva, tristeza e incredulidade pelo mais um feminicídio. Desta vez ocorrido em nosso território, em Fornaci di Barga, no final da tarde”.
“Outra mulher morta pelo ex-marido. Mais uma vez, mesma tragédia, mesma dinâmica. Nós continuaremos a fazer nossa parte, com as associações, com as escolas, com todos os cidadãos, todos os dias, mais e mais”, disse.
“Mas certamente esse compromisso deve se tornar comum, deve envolver todos os dias, todos os dias, todos os níveis institucionais e sociais de nosso país, é necessário um compromisso muito forte por parte do governo, porque tudo isso não é mais aceitável. Morrer assim não é mais aceitável. Ser morta pelas mãos de um homem não é mais tolerável”, concluiu.
O governador da Toscana, Eugenio Giani, também se indignou: “Chocado e furioso pelo feminicídio. Condenamos com firmeza esse ato de violência contra uma mulher. Minhas mais sentidas condolências, em nome da Toscana, à família da vítima”.
Fonte: O Globo