Familiares de vítimas de ataque a escola do Texas serão indenizados em R$ 10 milhões

Pessoas choram no memorial improvisado no Tribunal do Condado de Uvalde em Uvalde, Texas. A polícia foi alvo de revolta da população que questionou a demora em neutralizar o atirador que matou mais de 20 pessoas na escola da comunidade de maioria mexicana
Pessoas choram no memorial improvisado no Tribunal do Condado de Uvalde em Uvalde, Texas. A polícia foi alvo de revolta da população que questionou a demora em neutralizar o atirador que matou mais de 20 pessoas na escola da comunidade de maioria mexicana — Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

Os familiares das vítimas do tiroteio de 2022 em uma escola em Uvalde, no estado do Texas, no qual morreram 19 alunos, duas professoras e o atirador, receberão uma indenização de US$ 2 milhões, o equivalente a R$ 10 milhões. Isso, no entanto, não impede o plano dos familiares de processar os agentes de segurança por demorarem em neutralizar a ação.

“Este é um raio de luz em todo um processo de cura (…) A cidade de Uvalde concordou em pagar 2 milhões de dólares” no âmbito de um acordo alcançado por um “processo de justiça restaurativa” que os familiares fizeram com as autoridades locais, explicou, nesta quarta-feira, em uma coletiva de imprensa, o representante dos enlutados, Josh Koskoff.

Em 24 de maio de 2022, um jovem recém maior de idade invadiu de surpresa a escola primária Robb de Uvalde, armado com um rifle de assalto. Na incursão, ele assassinou 19 crianças de entre 9 e 10 anos, e duas professoras de 44 e 48 anos, antes de ser morto pelas forças de segurança 77 minutos depois, na sala onde ele havia se refugiado.

O acordo alcançado também implica melhorar o treinamento policial para casos semelhantes e a instauração do dia 24 de maio como Dia da Memória pela tragédia. Também será erguido um monumento de tributo e será oferecido apoio psicológico para os familiares e sobreviventes.

Apesar disso, Koskoff anunciou que os familiares processarão 92 agentes do Departamento de Segurança Pública do Texas por reagirem tardiamente à emergência, assim como as autoridades escolares. Também se estuda uma posterior ação contra o governo federal.

Um relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos considerou um “fracasso” a atuação dos agentes, mas não estabeleceu responsabilidades penais. Outra investigação, financiada pela cidade de Uvalde, também não encontrou delitos.

“Durante dois longos anos, sofremos na dor e sem nenhuma prestação de contas por parte das forças de segurança e dos agentes que permitiram que nossas famílias fossem destruídas naquele dia”, declarou Verónica Luevanos, que perdeu sua filha Jailah e seu sobrinho Jayce, ambos de 10 anos.

Para ela, embora o acordo com Uvalde reflita “um primeiro esforço de boa fé para começar a reconstruir a confiança nos sistemas que não conseguiram nos proteger”, também “quase 100 agentes do Departamento de Segurança Pública do Texas ainda não enfrentaram nem um pouco de responsabilidade por se acovardarem enquanto minha filha e meu sobrinho morriam na sala de aula”.

Os tiroteios em escolas são comuns em um país onde quase um terço dos adultos possui uma arma de fogo e as regulamentações para sua compra são frouxas. Os grupos de pressão armamentistas são muito influentes nos Estados Unidos e a justiça invoca o direito constitucional de portar armas

Fonte: O Globo

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