Experiência da pandemia agiliza mobilização de empresas para ajudar vítimas da chuva no RS com dinheiro, água e logística

Vista de uma estrada inundada e destruída após fortes chuvas em Encantado, no Rio Grande do Sul
Vista de uma estrada inundada e destruída após fortes chuvas em Encantado, no Rio Grande do Sul — Foto: Gustavo Ghisleni/AFP

O desastre que atinge o Rio Grande do Sul gerou uma rápida resposta das empresas. Ancoradas na experiência que enfrentaram na pandemia de Covid-19, as empresas se mobilizaram para fazer chegar aos gaúchos doações de recursos, alimentos, kits de higiene, entre outros itens.

O Movimento União BR, organização especializada em criar hubs de emergência, já arrecadou mais de R$ 8 milhões de empresas e pessoas físicas, com mais de 200 mil itens entregues, entre refeições desidratadas (de fácil armazenamento), kits de higiene pessoal e filtros purificadores de água. Tudo em prol das vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

A entidade tem parceria com o programa Aviões Solidários da Latam, responsável por levar doações ao estado. A companhia participa de campanha junto à CVC na qual é possível levar doações às lojas da operadora. Os produtos são entregues gratuitamente.

— A situação que passamos fortaleceu as empresas a criarem um fluxo de ajuda mais assertivo. Nos últimos dois anos, cada vez mais empresas começaram a olhar para essas tragédias climáticas. Criamos fundos emergenciais específicos para chegar com mais rapidez nos locais — afirma Tatiana Monteiro de Barros, fundadora do Movimento União BR.

A Azul criou um fundo, para o qual o Itaú já fez doação de R$ 5 milhões para auxiliar na operação humanitária no estado. Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, a experiência de transportar vacinas e equipamentos médicos durante a pandemia foi essencial para que hoje seja possível agir de forma mais rápida no auxílio dos afetados pelas enchentes:

— Em 2020, decidi que não somos mais uma linha aérea, somos uma empresa de pessoas, focada nos seus funcionários, mas também na sociedade. Temos mais de cem empresas ajudando a gente, além das negociações com o governo, que ficaram mais fluidas e permitem, por exemplo, que a gente use uma pista de base militar para pousar o avião com mantimentos. Os ensinamentos que tivemos em 2020 estão sendo replicados, e a gente está conseguindo andar em velocidade maior.

O Instituto Gol, braço de inclusão social da Gol, organizou campanha de arrecadação e envio de mantimentos. Em parceria com a Central Única de Favelas (Cufa), a Gollog, empresa de carga do grupo, recebe doações e transporta aos aeroportos mais próximos das cidades atingidas.

A Petrobras aprovou doação no valor de R$ 5,6 milhões para apoio à população de Canoas e Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Os recursos vão para o Movimento União BR, por meio do Instituto da Criança, para aquisição de itens como cestas básicas e eletrodomésticos, entre outros, para atendimento a vítimas. Canoas é a sede da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e da Unidade Termelétrica Canoas. E Esteio fica localizada na área de abrangência das operações da refinaria.

— Essa é a maior catástrofe natural do Estado do Rio Grande Sul, sem precedentes históricos em abrangência e número de pessoas afetadas — afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

O acesso a água potável é outro foco de atenção das empresas. A Ambev já doou mais de 560 mil litros de água para municípios afetados no estado, direcionada a hospitais e moradores. A empresa parou de produzir cerveja em Viamão para envasar água. Serão mais 850 mil latas de água.

— Hoje sabemos lidar melhor, mais rápido e de maneira mais eficaz com as necessidades urgentes da população. Temos comitês especiais que atuam em casos extremos, em que precisamos de agilidade e criatividade para colocar a estrutura a serviço da sociedade — disse Carla Crippa, vice-presidente de Impacto e Relações Corporativas da Ambev.

A Jadlog, empresa de transporte de cargas fracionadas e uma das principais operadoras logísticas do comércio eletrônico, habilitou as mais de 500 franquias e 17 filiais do país, assim como a matriz, em São Paulo, a receber doações que serão transportadas sem custo. Segundo Bruno Tortorello, CEO da Jadlog, o volume de doações atingiu o maior patamar desde a pandemia:

— A capilaridade da empresa e as rotas rodoviárias diárias e estabelecidas são estratégicas para a operação de arrecadação de donativos para a população gaúcha.

No setor financeiro, além dos R$ 5 milhões para o fundo organizado pela Azul, o Itaú destinou outros R$ 5 milhões para o União BR. Em outra frente, suspendeu mensalidades e tarifas de conta corrente e maquininhas da Rede para clientes corporativos, além de isentar tarifas e anuidade da conta corrente e do cartão dos clientes pessoa física.

O Banco do Brasil está doando R$ 5 milhões, e flexibilizando tarifas em produtos e serviços, como crédito, operações do agronegócio e seguros, além de uma campanha de arrecadação de recursos.

Já o Bradesco vai oferecer condições especiais nas renegociações, com prazos de carência de até 180 dias, para pessoas físicas e jurídicas que precisarem renegociar o pagamento de linhas de crédito como capital de giro, crédito pessoal e crédito ao consumidor.

O Banco Safra doou R$ 1 milhão de forma emergencial a famílias gaúchas.

O Santander reduziu em até 20% taxas do crédito pessoal; elevou o prazo de parcelamento de fatura de cartões de crédito; e possibilidade de postergar as próximas duas parcelas do crédito imobiliário. E criou fundo de ajuda humanitária.

A Cimed, terceira maior farmacêutica do país, vai doar R$ 1 milhão em medicamentos para o governo do estado, além de repor 100% das mercadorias perdidas de todas as mil farmácias atingidas pelas enchentes e reduzir preço dos produtos.

A Ambipar, de gestão ambiental, enviou 30 embarcações, 2 helicópteros, 6 viaturas, 21 escavadeiras, 12 caminhões e 68 profissionais especializados em gerenciamento de crises para dar assistência nas ações emergenciais de resgate às vítimas das inundações.

Interessados em ajudar podem consultar organizações que apoiam as vítimas das enchentes no site paraquemdoar.com.br.

Fonte: O Globo

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