As Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram neste domingo que a 98º Divisão do Exército deixou a Faixa de Gaza e que nenhuma tropa israelense está manobrando ativamente no sul do enclave palestino. No entanto, ressaltou que a decisão foi tomada após o esgotamento de todas as operações de inteligência e combate na região, negando que tenha sido resultado de uma exigência feita pelos Estados Unidos ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, segundo informações do jronal Haaretz.
— A lógica que nos leva hoje é equivocada. Estamos dispostos a operar sempre que necessário, mas não há necessidade de permanecermos no setor sem uma necessidade [operacional]. A 98ª divisão desmantelou as brigadas de Khan Yunis do Hamas e matou milhares de seus membros. Fizemos tudo o que podíamos lá — afirmou um oficial israelense.
Ainda segundo o oficial, a saída de Khan Yunis permitiria que os palestinos deslocados voltassem para suas casas depois de se abrigarem em Rafah. Ele esclareceu, no entanto, que o exército “continuará a operar lá de acordo com as necessidades operacionais”.
— Nossa missão era desmantelar a Brigada Khan Yunis do Hamas, e fomos bem-sucedidos nisso —afirmou. — Nossa segunda missão era devolver os reféns, e não conseguimos. A operação no complexo hospitalar de al-Shifa contribuiu para a decisão de mudar nossa percepção em relação aos combates no sul da Faixa.
Em um futuro próximo, as Forças Armadas planejam designar três divisões para a fronteira de Gaza, a partir das quais as forças do exército poderão se deslocar para a Faixa sempre que necessário. As forças também ficarão estacionadas no Kibbutz de Kissufim, na fronteira com Gaza, informou o Haaretz.
Na quinta-feira, o presidente Joe Biden ameaçou pela primeira vez condicionar o apoio dado a Israel à adoção pelo governo de Netanyahu de medidas tangíveis para responder à catástrofe humanitária em Gaza. No primeiro telefonema entre os dois líderes após a morte de sete trabalhadores humanitários em um ataque israelense no enclave palestino, o americano subiu o tom. O democrata também subiu o tom e pediu que o premier chegasse a um “cessar-fogo imediato” no território palestino, refletindo uma “grande frustração” com o governo do Estado judeu, segundo a Casa Branca.
“O presidente Biden enfatizou que os ataques aos trabalhadores humanitários e a situação humanitária geral são inaceitáveis”, informou a Casa Branca em um comunicado. “Ele deixou clara a necessidade de Israel anunciar e implementar uma série de medidas específicas, concretas e mensuráveis para lidar com os danos aos civis, o sofrimento humanitário e a segurança dos trabalhadores humanitários. Ele deixou claro que a política dos EUA com relação a Gaza será determinada por nossa avaliação da ação imediata de Israel com relação a essas medidas.”
A declaração foi a mais incisiva emitida pela Casa Branca nos seis meses de guerra entre Israel e o Hamas, ressaltando a crescente frustração do presidente com Netanyahu, que desafiou a pressão americana para reduzir o sofrimento dos civis em Gaza. Foi a primeira vez também que Biden sugeriu que os EUA pode condicionar sua assistência a Israel, um importante aliado no Oriente Médio.
Fonte: O Globo