EUA recorrem a economias do Exército para montar pacote improvisado de US$ 300 milhões para a Ucrânia

Tropas ucranianas pararam para reparar e reabastecer seus equipamentos e veículos na região de Donbas, no leste da Ucrânia, em fevereiro.
Tropas ucranianas pararam para reparar e reabastecer seus equipamentos e veículos na região de Donbas, no leste da Ucrânia, em fevereiro. — Foto: Lynsey Addario/The New York Times

Os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira, um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, em um valor que pode chegar a US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão). A verba foi reunida a partir da economia feita pelas Forças Armadas em contratos previamente licitados, o que deve garantir o primeiro envio americano a Kiev desde que o financiamento anterior se esgotou, no fim de dezembro, em um momento em que a maioria republicana na Câmara bloqueia tentativas do governo Biden de aprovar uma nova ajuda.

Altos funcionários da Defesa americana informaram que o pacote vai incluir sistemas de defesa antiaérea, munições de artilharia e sistemas de blindagem. Não está claro se os mísseis de longo alcance conhecidos como ATACMs também farão parte da ajuda. Na avaliação dos funcionários ouvidos pelo The New York Times, a medida é provisória, na melhor das hipóteses.

A ajuda chega em um momento no qual a Ucrânia necessita, particular e urgentemente, de sistemas de defesa antiaérea, uma vez que a Rússia continua a bombardear cidades, especialmente no leste. De acordo com uma autoridade americana, a solução improvisada manteria o avanço das tropas russas sob controle por algumas semanas.

O Senado aprovou um projeto de lei de ajuda emergencial que inclui US$ 60,1 bilhões (R$ 299 bilhões) para a Ucrânia, mas a medida enfrenta um destino incerto na Câmara dos Representantes, onde os líderes republicanos se recusam a submeter a medida a votação.

Embora os responsáveis pelo Congresso digam que existe uma massa crítica de apoio para continuar a armar a Ucrânia na sua luta contra a agressão russa, o Partido Republicano está cada vez mais afastado de sua tradicional postura agressiva e da crença na projeção do poder americano e dos princípios democráticos em todo o mundo.

O presidente da Câmara, Mike Johnson, um republicano da Louisiana que se opôs à ajuda à Ucrânia, terá de lidar com um punhado de legisladores ultraconservadores que disseram que irão tomar medidas para o destituir se ele permitir uma votação sobre a ajuda à Ucrânia sem medidas rigorosas de imigração associadas.

Para o presidente americano, Joe Biden, que abriu o caminho ao apelar ao Ocidente para que defenda a Ucrânia contra a invasão e ocupação da Rússia, a questão tornou-se embaraçosa na cena internacional.

A paralisia política americana levou, segundo funcionários do Pentágono, a uma escassez crítica nos campos de batalha da Ucrânia. À medida que cada dia passa sem um novo fornecimento de munições e artilharia, e as tropas ucranianas racionam seus projéteis. O moral diminui a cada dia.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a administração Biden enviou mais de US$ 75 bilhões (R$ 373 bilhões) em dinheiro e equipamento ao país para a sua defesa. A maior parte da ajuda foi destinada às operações militares da Ucrânia, mantendo o seu governo em funcionamento e respondendo às suas necessidades humanitárias.

O dinheiro acabou em dezembro, e Biden pediu ao Congresso para iniciar uma nova injeção de dinheiro e equipamentos que somente o Legislativo pode aprovar. Mas muitos republicanos opõem-se a investir mais dinheiro dos contribuintes no conflito.

Fonte: O Globo

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